ATA DA NONA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO
REPRESENTATIVA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 06-7-2005.
Aos seis dias do mês de julho de dois mil e cinco,
reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão
Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e
cinco minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos
Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Carlos
Todeschini, Ervino Besson, Professor Garcia e Sebastião Melo, Titulares, e pela
Vereadora Mônica Leal, Não-Titular. Ainda, durante a Reunião, compareceram os
Vereadores Carlos Comassetto, Claudio Sebenelo, Clênia Maranhão, João Carlos
Nedel e Raul Carrion, Titulares, e João Antonio Dib e Manuela d'Ávila, Não-Titulares.
Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Oitava
Reunião Ordinária, que, juntamente com as Atas da Segunda, Terceira, Quinta,
Sexta e Sétima Reuniões Ordinárias e da Ata Declaratória da Quarta Reunião
Ordinária, deixaram de ser votadas, em face da inexistência de quórum
deliberativo. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Adeli Sell, os Pedidos
de Informações nos 153, 162 e 163/05 (Processos nos 4149,
4321 e 4322/05, respectivamente); pelo Vereador Aldacir Oliboni, os Pedidos de
Providências nos 1598 e 1715/05 (Processos nos 4147 e
4299/05, respectivamente); pelo Vereador Bernardino Vendruscolo, os Pedidos de
Providências nos 1669, 1670 e 1671/05 (Processos nos
4231, 4232 e 4233/05, respectivamente); pelo Vereador Carlos Todeschini, os
Pedidos de Informações nos 156 e 157/05 (Processos nos
4278 e 4279/05, respectivamente); pelo Vereador Ervino Besson, os Pedidos de
Providências nos 1722 e 1723/05 (Processos nos 4325 e
4326/05, respectivamente); pelo Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos de
Providências nos 1633, 1634, 1635, 1636 e 1637/05 (Processos nos
4195, 4196, 4197, 4198 e 4199/05, respectivamente); pela Vereadora Maria
Celeste, os Pedidos de Informações nos 165 e 166/05 (Processos nos
4339 e 4346/05, respectivamente); pela Vereadora Maristela Meneghetti, o Pedido
de Providências nº 1729/05 (Processo nº 4334/05); pelo Vereador Maurício Dziedricki,
os Pedidos de Providências nos 1727 e 1728/05 (Processos nos
4331 e 4332/05, respectivamente) e os Pedidos de Informações nos 154
e 164/05 (Processos nos 4162 e 4333/05, respectivamente); pelo
Vereador Sebastião Melo, o Pedido de Providências nº 1724/05 (Processo nº
4328/05). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 10332216,
10332217, 10332218, 10332219, 10332220, 10332221, 10334347 e 10334348/05, do
Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Na ocasião, foi apregoado
Comunicado de autoria do Vereador Claudio Sebenelo, Líder da Bancada do PSDB, informando
que, na presente Reunião, Sua Excelência substituirá o Vereador Luiz Braz,
Titular, nos termos do artigo 83, § único, do Regimento. A seguir, em face de
Questões de Ordem formuladas pelo Vereador Sebastião Melo, o Senhor Presidente
prestou esclarecimentos sobre o tempo e a ordem de inscrição para os
pronunciamentos dos Senhores Vereadores no período de Comunicações, bem como
sobre a votação de alterações no tempo regimental para pronunciamentos durante
esse período. Também, em face de Questão de Ordem formulada pelo Vereador
Cláudio Sebenelo, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da condição
de Titular de Sua Excelência, em substituição ao Vereador Luiz Braz. Em
prosseguimento, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Carlos
Todeschini, solicitando a concessão do tempo de dez minutos para os pronunciamentos
em Comunicações. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell avaliou irregularidades
constatadas no Hospital Cristo Redentor em relação a próteses cirúrgicas,
cobrando um posicionamento do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio
Grande do Sul sobre o assunto. Ainda, apoiou operação de fiscalização e apreensão
realizada pela Polícia Federal na cidade de Foz do Iguaçu – PR – e comentou
entrevista do Deputado Federal Roberto Jefferson, rechaçando a condição de herói
nacional assumida por ele. Em continuidade, foi apregoado Ofício de autoria da
Vereadora Neuza Canabarro, solicitando autorização para representar
externamente este Legislativo no “Seminário FLATEC – IPLAC – INCASUR: Comunidad
Sudamericana de Naciones: Identidad y Cultura”, a ser realizado em Assunção, no
Paraguai, no período de três a cinco de julho do corrente. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador
Sebastião Melo debateu o tratamento dado aos entulhos da construção civil em
Porto Alegre, questionando o destino desse material após o fechamento do aterro
conhecido como “João Paris”, na Zona Norte, em novembro de dois mil e quatro.
Ainda, assegurou que estão sendo utilizados locais clandestinos para essa
finalidade, pela falta de locais regularizados, exigindo que os órgãos
municipais responsáveis adotem medidas sobre o assunto. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador Sebastião Melo apoiou a iniciativa do Vereador Bernardino
Vendruscolo de autorizar o parcelamento do Imposto de Transmissão de Bens
Imóveis e defendeu a cobrança de Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza
para operações de “leasing”. Também, comentou a crise por que passa o Governo
Federal, propondo modificações no sistema político brasileiro, com o intuito de
preservar as instituições nacionais. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Carlos
Todeschini discutiu problemas constatados no serviço de saúde pública em Porto
Alegre, cobrando medidas do Governo Municipal, no sentido de amenizar as
dificuldades enfrentadas pela população carente no Bairro Restinga e na Zona
Norte. Ainda, registrou a realização, pela Central Única do Trabalhador – CUT
–, de fórum sobre segurança pública, criticando o gerenciamento dado a essa
área pelo Governo Estadual. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Antonio
Dib teceu considerações acerca do sistema público de segurança, analisando a
influência da impunidade no estímulo a atos de delinqüência e violência
urbanas. Nesse sentido, criticou as pichações e os grafites verificados em
muros e monumentos da Cidade, afirmando que essas ações devem ser devidamente
punidas, tendo em vista serem exemplos negativos de conduta e fortes
incentivadoras de novas infrações. Após, o Senhor Presidente registrou o
transcurso, ontem, do aniversário do Vereador Ibsen Pinheiro. Em COMUNICAÇÕES,
o Vereador Claudio Sebenelo avaliou a importância do planejamento familiar na
sociedade atual, citando trechos do livro “Geografia da Fome”, do escritor José
de Castro. Ainda, destacou que essa temática deverá ser debatida no corrente
ano na Comissão de Saúde e Meio Ambiente, defendendo a implantação de um
projeto nacional em que as questões desenvolvimentistas corram paralelamente
com as demográficas, visando essencialmente ao bem-estar da população. O
Vereador Ervino Besson abordou o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº
011/05, de autoria do Vereador Bernardino Vendruscolo, que viabiliza o
parcelamento, no Município, do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis –
ITBI. Também, informou ter participado de reunião ocorrida ontem no Centro
Comunitário de Desenvolvimento da Tristeza, para debate dos principais
problemas enfrentados pelas comunidades dos Bairros Pedra Redonda, Vila
Conceição e Vila Assunção. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Ervino Besson,
dando continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, acerca das discussões
dos problemas da Zona Sul, declarou que o clima vigente é de descrédito com a
atuação da classe política no País. Igualmente, propugnou pelo esclarecimento
das denúncias de corrupção divulgadas pela imprensa, com a punição dos
culpados, para que possa ser recuperada a credibilidade dos políticos
brasileiros. Na oportunidade, foi apregoado Comunicado do Vereador Carlos
Todeschini, 1º Vice-Líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores, informando
que, na presente Reunião, a Vereadora Maristela Maffei será substituída na
titularidade da Comissão Representativa pelo Vereador Carlos Comassetto. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, o Vereador Claudio Sebenelo manifestou-se acerca da falta de médico
no Posto de Saúde do Barro Vermelho, no Bairro Restinga, afirmando que esse
problema está sendo sanado pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Ainda,
debateu a crise política pela qual passa o País, justificando que, apesar da inconformidade
da população com as deformidades sociais, o desejo geral é de que as
instituições democráticas brasileiras sejam mantidas. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora
Clênia Maranhão referiu-se ao Plano de Inclusão Digital, do Governo Municipal,
enfatizando a importância da ampliação do atendimento dos Telecentros
implantados na Cidade, por serem instrumentos de preparação ao mercado de trabalho
e diminuição dos índices de desigualdade social observados no País. Ainda, apoiou
a gestão do Senhor José Fogaça na Prefeitura Municipal, destacando questões
relativas às políticas públicas de saúde de Porto Alegre. O Vereador Raul
Carrion analisou sua viagem à Brasília, de vinte e nove de junho a primeiro de
julho do corrente, representando esta Casa. Ainda, elogiou as vitórias da Chapa
2 nas eleições para o CPERS/Sindicato, e da Chapa 12, nas eleições para a União
Nacional dos Estudantes – UNE. Finalizando, destacou o título da “Capital
Brasileira da Cultura”, recebido pela cidade de Olinda, em Pernambuco,
governada pelo Partido Comunista do Brasil e avaliou a atual crise política
brasileira. O Vereador João Carlos Nedel avaliou o sistema tributário
municipal, analisando o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 011/05,
em tramitação na Casa, e debatendo a cobrança de Imposto sobre Serviços de Qualquer
Natureza em operações de “leasing” e de instituições bancárias que atuam na Cidade.
Finalizando, aludiu ao pronunciamento de hoje do Vereador João Antonio Dib, em
Comunicação de Líder, relativo a casos de pichação verificados em locais
públicos da Cidade. O Vereador Professor Garcia pronunciou-se sobre sua
participação, no dia vinte e nove de junho do corrente, da reinauguração da
Escola Estadual de Ensino Fundamental Brigadeiro Eduardo Gomes, no Bairro
Anchieta, juntamente com a presença do Senhor José Fortunati, Secretário
Estadual da Educação. Nesse sentido, parabenizou a participação da iniciativa
privada, bem o empenho do Rotary Club Anchieta e da Associação dos Amigos do
Bairro Anchieta, nas reformas feitas no local. A seguir, nos termos do artigo
94, § 1º, alínea “g”, do Regimento, o Senhor Presidente concedeu TEMPO ESPECIAL
à Vereadora Manuela d’Ávila, que relatou a participação de Sua Excelência, em Representação
Externa deste Legislativo, no 49º Congresso da União Nacional dos Estudantes –
UNE –, realizado do dia vinte e nove de junho ao dia três de julho do corrente,
em Goiânia – GO. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Manuela d’Ávila,
pronunciando-se sobre o 49º Congresso da União Nacional dos Estudantes,
salientou ter sido esse evento um dos maiores Congressos já organizados nos
setenta anos de existência da UNE. Também, comentou debates ocorridos na
ocasião, afirmando que os principais temas abordados durante as discussões
foram a política externa do governo norte-americano e a atual conjuntura
econômica, social e política brasileira. O Vereador Professor Garcia debateu a
situação das empresas com débitos junto à Secretaria Estadual da Fazenda,
criticando o fato de que muitas delas, apesar dessas dívidas, conseguem
financiamento do Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul –
FUNDOPEM/RS. Ainda, alegou que essas dívidas devem ser renegociadas,
considerando uma injustiça social que isso não aconteça, uma vez que a
população rio-grandense teve aumento de impostos em abril deste ano. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador Carlos Comassetto protestou contra as manifestações do
Deputado Federal Roberto Jefferson, sustentando que não se pode aceitar que um
político que declara ter cometido diversas irregularidades seja transformado em
herói nacional. Também, debateu a necessidade de revitalização do Centro e da
sua integração com a Cidade como um todo, opinando que esse debate passa
obrigatoriamente pelas questões da habitação, moradia e lazer. O Vereador
Bernardino Vendruscolo discutiu o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº
011/05, de sua autoria, que estabelece o parcelamento do Imposto sobre Transmissão
de Bens Imóveis – ITBI –, embasando a defesa da legalidade dessa iniciativa nas
disposições contidas no artigo 56 da Lei Orgânica do Município e no artigo 156
da Constituição Federal, que tratam do assunto, e declarando que o Vereador tem
possibilidade de legislar sobre matéria tributária. O Vereador Adeli Sell
reportou-se às denúncias veiculadas pela imprensa nos últimos dias, de casos de
corrupção envolvendo servidores da Secretaria Municipal da Produção, Indústria
e Comércio. Sobre o assunto, ressaltou que esse Órgão conta com pessoas capazes
e honestas e defendeu as ações desenvolvidas pelo atual Secretário, propugnando
pela punição daqueles que estiverem exercendo ações ilegais em qualquer esfera
do Poder Público. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Todeschini argumentou
que assuntos importantes para o Brasil não estão sendo discutidos por causa do
destaque dado às denúncias de corrupção no Governo Federal e no Congresso
Nacional, refutando a notoriedade obtida pelo Deputado Federal Roberto
Jefferson nesse episódio. Ainda, propôs mudanças na estrutura política
brasileira, defendendo a criação de regulamentos claros e severos nas atribuições
dos Poderes Públicos. A Vereadora Clênia Maranhão debateu as investigações
sobre denúncias de corrupção no Congresso Nacional, asseverando que todas as
acusações devem ser averiguadas. Em relação ao assunto, sugeriu o afastamento,
do Governo Federal, dos suspeitos de atos irregulares e sustentou que a
corrupção é um problema antigo no Brasil, alegando que a democracia é afetada
quando se tenta acobertar a corrupção e que é a reconstrução do Governo deve
ser feita por homens e mulheres honestos. Às treze horas e quatro minutos,
constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os
trabalhos, convocando os Senhores Vereadores Titulares para a Reunião Ordinária
de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores
João Carlos Nedel e Aldacir Oliboni e secretariados pelo Vereador Ervino
Besson, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Ervino Besson, Secretário “ad
hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída em avulsos
e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): A Mesa registra Requerimento encaminhado
pelo Líder do PSDB, o Ver. Luiz Braz (Lê.): “Sr. Presidente, comunico para os
devidos fins que, na Reunião desta data, o Ver. Luiz Braz, Titular da Comissão
Representativa, será substituído pelo Ver. Claudio Sebenelo. 06-7-2005”.
Queremos
registrar que, na Sessão Representativa, falam primeiro os Titulares no período
de Comunicações; à medida que vão chegando os demais Titulares, vão falando até
extinguirem-se suas manifestações, e, posteriormente, pronunciam-se os
Suplentes.
Passamos
às
O Ver. Adeli Sell está com
a palavra em Comunicações. Vossa Excelência tem dez minutos, em que são
permitidos apartes. Vereador, permite-me, há uma Questão de Ordem do Ver.
Sebastião Melo.
O SR. SEBASTIÃO MELO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, para contribuir com os
trabalhos, diz aqui (Lê.): “Obs.: aprovado em 12-01-2005, Requerimento proposto
pelo Presidente, acordando a utilização de cinco minutos no período de
Comunicações, durante todo o Recesso”. Portanto, é um Requerimento vencido,
logo o tempo não é de dez minutos, e sim de cinco minutos.
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Só para esclarecer o nobre Vereador, leio
o espelho apresentado à Mesa no dia de hoje (Lê.): “Período de Comunicações:
Vereadores presentes, prioritariamente os Titulares, dez minutos, com aparte,
da letra A a Z. Obs.: aprovado em 12-01-2005, Requerimento proposto pelo
Presidente, acordando a utilização de cinco minutos no período de Comunicações,
durante todo o Recesso”.
Eu
quero informar que, se o Plenário achar melhor, uma vez que há somente sete
Vereadores no Plenário, há possibilidade, sim, de a Mesa estender dez minutos
para cada Vereador, se houver concordância dos demais Vereadores, sem nenhuma
objeção; mas, se houver uma manifestação do conjunto dos Vereadores, que, por
maioria, entenderem que devam permanecer os cinco minutos, a Mesa será
acessível para deliberar a respeito.
O SR. CLAUDIO SEBENELO (Questão de
Ordem): Para constituir
quórum, hoje pela manhã, eu assinei um Requerimento substituindo o Ver. Luiz
Braz. Só posso ocupar a tribuna, por ser Suplente, depois que todos falarem,
quer dizer, se houver tempo, se não terminar antes do meio-dia. Então, eu
queria saber se eu sou Titular, porque dei quórum para a Sessão.
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Titular. Nobre Ver. Sebenelo, V. Exª,
neste momento, é Titular e falará pela ordem alfabética. Portanto, depois do
Ver. Carlos Todeschini, V. Exª usará o tempo regimental.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Perfeito. Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. CARLOS TODESCHINI (Requerimento): Sr. Presidente, eu entendo que, na época,
nós fizemos um acordo, já no final do Recesso, para que os pronunciamentos dos
nobres Vereadores fossem de até cinco minutos, por acordo. Entendo que isso não
está estendido a este momento; por isso requeiro que torne a ser conforme o
original, e, se for o caso, que deliberemos sobre a matéria.
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Vossa Excelência sugere dez minutos?
O SR. CARLOS TODESCHINI: Dez minutos, é o Requerimento que faço à
Mesa.
O SR. SEBASTIÃO MELO: (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, eu não
tenho nenhum problema de aderir à proposição, até porque, mais do que ninguém,
sempre defendi o debate nesta Casa. Agora, eu quero dizer que “na porteira que
passa um boi passa uma boiada”. Eu não posso aprovar um Requerimento e, depois,
numa Sessão, ter a exceção da exceção. Não. Então, nós precisamos, na minha
avaliação, e o Diretor Legislativo tem de recomendar... Senão, quando houver
uma Sessão com 19 Vereadores, vai chegar o Ver. Sebastião Melo e perguntar se
são cinco ou dez minutos. Eu peço a V. Exª que, para a boa condução dos
trabalhos, resolva essa questão, porque o problema não é hoje; o problema pode
ser amanhã, depois de amanhã. Essa é a questão colocada.
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Nobre Ver. Sebastião Melo, se há acordo
no Plenário, sem nenhum problema, eu acato o Requerimento, isto é, o
Requerimento encaminhado pelo Ver. Carlos Todeschini para esta Sessão
específica, porque, após, em cada Sessão, poderá ser encaminhado um novo
Requerimento.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Se é para esta Sessão, eu concordo com
V. Exª, e nós discutiremos se vamos mudar ou não, porque um Requerimento só
pode ser mudado com outro Requerimento.
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Em votação o Requerimento de autoria do
Ver. Carlos Todeschini. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
O
Ver. Adeli Sell está com a palavra em Comunicações.
O SR. ADELI SELL: Meu caro Presidente, colegas Vereadores,
Vereadoras, cidadãos, cidadãs de Porto Alegre, nesta semana, nós vimos em rede
nacional de televisão um escândalo atingindo um dos maiores hospitais de Porto
Alegre, o caso Cristo Redentor. A história é antiga; a história é velha: as
falcatruas com as próteses naquele Hospital. O Ver. Nedel e eu, certa feita,
discutíamos com um empresário desta Cidade que nos mostrou a sua fábrica de
próteses de titânio de primeiríssima qualidade. Ele exporta esse material para
o mundo inteiro, mas não conseguiu, jamais na sua vida, vender uma peça sequer
para o Hospital Cristo Redentor. As câmeras de televisão mostraram, em rede
nacional, domingo à noite, para o Brasil inteiro, o sofrimento do povo, o
sofrimento das pessoas que necessitam de próteses. Finalmente, a Direção do
Grupo Hospitalar Conceição, coordenado hoje pelo ex-Vereador João Motta, abriu
processos administrativos, e alguns dos servidores já foram demitidos, inclusive
alguns médicos.
O
que me assusta é que, até este momento, sobre esse caso especifico, um caso
escandaloso, o Conselho Regional de Medicina não lançou uma nota sequer na
imprensa! E vimos o Conselho, durante todo este ano, atacando outras
categorias, inclusive chamando de criminosos os Optômetros, mas esse mesmo
Conselho não disse que são crimes as falcatruas cometidas no Hospital. Isso é
intolerável. Acho que esta Casa precisa se debruçar sobre o tema e, se preciso
for, fazer uma Comissão Externa para investigar o Conselho Regional de Medicina
do Rio Grande do Sul.
Na
semana passada, aqui, numa audiência da Comissão de Saúde, cobrei uma postura
do representante do Cremers, digno médico que aqui o representava. Não estou
fazendo tábula rasa; eu estou cobrando, porque há pessoas dentro do Conselho
Regional de Medicina que atacam outras categorias, gratuita e fortuitamente,
tendo sido obrigados, inclusive, tanto o Cremers quanto o Simers, a retirar
notas de jornais, parar com publicidade, por decisão judicial. E agora, quando
há um fato concreto, concretíssimo, com provas contra os médicos, o Cremers
fica mudo. É isso que estamos cobrando.
Vou
continuar a debater nessa linha das ilegalidades cometidas aqui no Estado e no
País.
O
mutismo também é total e absoluto sobre a questão da Assembléia Legislativa
envolvendo Deputados com os chamados albergues, casas de passagem, seja lá o
que for, que, nas dificuldades das pessoas que vêm do Interior do Estado, se
utilizam de um populismo, de uma atitude indigna com a doença para ludibriar
pessoas. Inclusive há provas de que furavam filas do Sistema Único de Saúde.
Nada mais se fala sobre o tema. Eu não posso calar diante dessas falcatruas e
levanto aqui esse tema.
Portanto,
gostaria de ouvir a palavra do Cremers sobre as falcatruas do Hospital Cristo
Redentor envolvendo os seus, porque, quando, entre os políticos, há falcatruas,
nós não nos omitimos também. Como eu sempre disse, aqueles que cometeram
ilícitos, que estão comprovadamente envolvidos com corrupção devem pagar, sim.
O Sr. Sebastião Melo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Adeli, muito obrigado pelo aparte. Há duas questões para
destacar no seu brilhante pronunciamento. Primeiro, quero dizer que o Cremers e
o Simers estão atentos para colocar notas e comprar espaço em jornal, espaço em
rádio. Eu acho que eles deveriam, sim, pronunciar-se porque, quando envolvem
outras questões, esse Sindicato e esse Conselho são os primeiros a virem para
os principais meios de comunicação fazer um alarido. E eu estou percebendo um
silêncio sepulcral sobre essa matéria. Espero que continuem na luta do povo, e
não na luta do corporativismo.
Segundo,
quero dizer a V. Exª que tem total apoio, a função de Deputado e Vereador não é
furar a fila, é tentar acabar com a fila. Eu acho isto uma vigarice: alguém
furar a fila para poder “botar o seu”, enquanto outros também têm dor; o outro
que está aguardando uma operação há dois anos vai ficar na fila, porque eu vou
usar do meu poder de Vereador?! Isso não se faz! Isso não está correto, isso
tem de acabar! O Rio Grande não pode dar esses exemplos para o Brasil. Os
problemas não estão somente acima do Rio Mampituba, não! Estão também para
abaixo do Rio Mampituba.
O SR. ADELI SELL: É. Ultimamente, inclusive, a imprensa
local tem falando muito dos problemas acima do Mampituba e se esquece de que,
abaixo do Mampituba, essas águas não separam os nossos problemas do resto do
País.
Inclusive,
na área de medicamentos, uma servidora desta Casa, que presta serviços na nossa
Comissão, que necessita de remédios especiais, esteve ontem na fila, ali na Av.
Borges de Medeiros com a Rua Riachuelo, e foi novamente o caos. Há queixas das
pessoas que vêm de Canoas, mas que não podem receber o medicamento aqui, elas
não são avisadas e têm de esperar uma semana quando enfrentam problemas
gravíssimos. Medicamento especial, principalmente para os transplantados, não
se pode esperar uma semana, catorze dias, um mês.
Hoje,
de manhã, abro o meu computador, e, no primeiro e-mail que leio, há novamente queixa sobre o fornecimento de
medicamentos especiais por parte do Estado. Nós estamos atentos a essa questão,
porque sistematicamente tem sido levantado esse problema, e este, sim, a
imprensa inclusive tem noticiado e é preciso fazer justiça a ela.
Eu
queria terminar esta minha intervenção falando sobre o papel da Polícia
Federal, da Receita Federal e da Polícia Rodoviária Federal nos últimos dias em
Foz do Iguaçu. Não sei se os senhores e as senhoras têm acompanhado, mas ontem
foram presos e apreendidos vários ônibus, aqueles famosos ônibus pinga-pinga,
que passam naquela região de Foz do Iguaçu. Vários bolivianos foram presos, e
não foi o único caso, porque já é recorrente essa questão, porque esses
bolivianos estão vindo trabalhar de forma ilegal no Brasil. Qualquer dia, nós
não vamos ter mais a novela América, que está trazendo a questão do México, dos
desertos, dos problemas que existem com a entrada nos Estados Unidos de forma
ilegal, mas a novela dos latino-americanos no Brasil. Também em Foz do Iguaçu,
na semana passada, foram apreendidos vários ônibus que usavam estradas vicinais
para sair do eixo a fim de trazerem produtos pirateados e contrabandeados para
dentro do nosso País. Numa ação correta da Polícia Federal, da Receita Federal,
inclusive com a utilização de helicópteros, esses ônibus foram apreendidos. E
assim tem sido de forma sistemática em Foz do Iguaçu.
Também
não poderia deixar de comentar o que se passa acima do Rio Mampituba, no caso,
em Brasília, na CPI dos Correios. Mas quero falar especificamente do caso
Roberto Jefferson e a imprensa. Quem leu o livro “Chatô", de Fernando
Moraes, vai entender o fenômeno Roberto Jefferson. Depois de Carlos Lacerda, o
fenômeno Roberto Jefferson demonstra como alguns órgãos de imprensa tratam as
questões neste País. Como nós podemos conceber que um corrupto, corruptor, réu
confesso, tenha os espaços que teve na televisão no domingo à noite e, ontem à
noite, no programa do Jô Soares, cantando a música “Nervos de Aço”, do
Lupicínio Rodrigues, como se ele fosse um artista, um herói nacional, como?
Onde está a nossa imprensa? Dando espaço para um corrupto, para alguém que
declaradamente diz que roubou, que botou a mão no dinheiro.
Enquanto
isso, os homens de bem, o Ministério Público, a Polícia Federal não são
chamados a esses programas para mostrar quantos botaram na cadeia - neste ano,
foram mais de 1.400 pessoas, incluindo Juizes de Direito. Enquanto isso,
Roberto Jefferson canta, é ouvido em um programa, que até ontem era
respeitadíssimo, eu não tenho mais respeito de ver um marginal, alguém que
roubou, alguém que fez falcatruas, ir a um programa de televisão cantar “Nervos
de Aço”, ser aplaudido e receber pedidos de autógrafos na rua. Eu não estou
apenas perplexo, porque nada mais me deixa perplexo; eu estou indignado! Espero
que o povo esteja indignado com os meios de comunicação, que dão espaço a um
corrupto, corruptor, alguém que meteu a mão no dinheiro e tem espaço no rádio e
na televisão como se um artista, como se uma celebridade fosse! Isso é um
escândalo! E nós, que temos cabeça para pensar, nós, que temos responsabilidade
com o povo, não podemos calar diante dessa situação!
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): A Mesa apregoa Requerimento da Verª Neuza
Canabarro para representar a Câmara de Vereadores no Seminário da Federação
Latino-Americana dos Trabalhadores em Educação e Cultura nos dias 3, 4 e 5 de
julho de 2005.
O
próximo Vereador inscrito no período de Comunicações é este Vereador, que
solicita aos demais Vereadores a anuência para falar no final dos Titulares.
(Pausa.) Se há concordância, este Vereador agradece. Muito obrigado.
O
Ver. Sebastião Melo está com a palavra em Comunicações, por transposição de
tempo com o Ver. Bernardino Vendruscolo.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, meus colegas Vereadores e
Vereadoras desta Reunião Ordinária da Câmara Municipal, primeiro, vou-me ater a
questões municipais e, desta feita, quero falar de um tema, Sr. Presidente, de
tantos que desafiam a Cidade. Ver. Claudio Sebenelo, que preside a Comissão de
Saúde, já se encontra peticionado na sua Comissão e com data designada para o
dia 9 um assunto que se está arrastando há seis meses, que é, Ver. Carlos
Todeschini, o destino final de 70% do entulho desta Cidade.
Porto
Alegre tinha, até o final do ano passado, o chamado Aterro João Paris, na Zona
Norte - aterro de inertes -, que recebia os entulhos de toda a Zona Norte e
Zona Leste da Cidade; em torno de seiscentas, setecentas caçambas, diariamente,
eram descarregadas naquele aterro. Pois aquele aterro chegou ao esgotamento da
sua capacidade, em novembro ele foi fechado, portanto, na Administração
anterior, e não se construiu uma alternativa até a presente data. Isso quer
dizer, em letras garrafais, que ficou apenas um aterro inerte localizado na
Estrada da Serraria, nas terras do Exército brasileiro, aterro ilegal, porque
eu e o Ver. Beto Moesch, como Vereadores de primeiro mandato, representamos no
Ministério Público para fechar aquele aterro, mas ele continua aberto, sem a
licença ambiental. Mas, pelo menos, ele está recebendo lá, nessa licença
provisória, trezentas, quatrocentas caçambas diárias.
O
que acontece na prática, Ver. Adeli e Ver. Bernardino? Em face da construção
civil que está acontecendo na Av. Assis Brasil, perto da FIERGS, por exemplo, o
caçambeiro vai lá, Ver. Adeli, pega aquela caçamba, mas não atravessa a Cidade
para colocar os entulhos na Estrada da Serraria, ele faz aquilo que hoje mais
cem caçambeiros estão fazendo: ele coloca os entulhos em locais clandestinos. E
aqui não vou condená-los, porque o Poder Público não está oferecendo local para
o destino final dos entulhos, não oferece e não faz cumprir a lei. Há uma lei
aqui dizendo da obrigação de a construção civil dar destino final aos seus entulhos.
E isso nunca foi cumprido nesta Cidade, nunca foi cumprido, porque, no Brasil,
as leis só são cumpridas contra os pequenos. Se o camelô cometer um deslize,
cacete no camelô. Mas, se os grandes desrespeitam a lei, o gestor público faz
de conta que não é com ele.
Aliás,
é o que está acontecendo aí com os Bancos, não pagam nada, e fica tudo por isso
mesmo. Então, já falei com algumas autoridades e vou ligar para o Ver. Beto
Moesch, vou falar com a Direção do DMLU, vou encaminhar, hoje à tarde, um
ofício estribado nessa questão e espero, Ver. Claudio Sebenelo, que, antes do
dia 9, a gente possa encontrar uma solução, porque são seiscentos caçambeiros
que estão colocando entulhos, diariamente, em algum lugar clandestino desta
Cidade, e parece que isso não tem nada a ver com ninguém. Tem a ver, sim; tem a
ver com a Vereança e tem a ver com a fiscalização.
O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Concordo plenamente com V. Exª e subscrevo seu Requerimento.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Ver. Bernardino, quero mais uma vez dizer
o que já disse desta tribuna: V. Exª fez um extraordinário Projeto para esta
Cidade, tratando do Imposto de Transmissão de Bens Intervivos, proporcionando o
parcelamento em até 12 vezes, para que centenas de pessoas que compram com
muita dificuldade os seus imóveis e que fazem o “contratinho de gaveta” possam
regularizar a situação. Moram ilegalmente e vão morar legalmente. O Projeto vai
transmitir, portanto, a posse para o proprietário, fazendo a escritura, e o Erário
não vai perder nenhum centavo, porque a escritura só será possível depois do
pagamento do último centavo do parcelamento, Ver. Ervino. É um Projeto
inteligente, competente. Eu sou daqueles que acredita que Vereador, Deputado,
Senador, Casa Legislativa têm competência para discutir questões tributárias.
Desculpe-me, esta Casa não pode ser a Casa do nome de rua, do nome de praça. O
povo espera de nós coisas mais consistentes, e temos que enfrentar essas
questões.
O Sr. Bernardino Vendruscolo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Sebastião Melo, os nossos cumprimentos. Obrigado pelo apoio, e
agradecemos, ao mesmo tempo, a todos Vereadores que estão engajados nessa
proposta, porque é um Projeto altamente social e necessário ao Município,
certamente ele trará Receitas que o Município até então não está esperando. Eu
gostaria de lembrar - em razão daquilo que foi dito, do vício de origem do
nosso Projeto, que deveria vir somente do Executivo, que esta Casa não estava,
digamos assim, amparada legalmente para legislar - o art. 156 da Constituição e
o art. 56 da Lei Orgânica do Município, que nos dão total regularidade para
legislar sobre essa matéria. Muito obrigado, Ver. Sebastião Melo.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Eu que agradeço a V. Exª, por contribuir
com o meu raciocínio, porque, nessa matéria, V. Exª é o especialista e eu sou o
auxiliar.
Mas
quero dizer também, meus queridos Vereadores, que nós continuamos com a tese de
que neste País o povão é que paga o imposto, porque os impostos indiretos neste
País são uma coisa draconiana contra os pequenos. O quilo do arroz que o pobre
compra, o quilo da polenta, do feijão têm o mesmo imposto que o rico paga.
Então, indiretamente, é ele quem paga a conta. O IPTU dele, do pobre que mora
na Restinga, é exatamente igual, proporcionalmente, ao IPTU que o rico paga na
mansão do bairro Moinhos, assim como a taxa do lixo. E eu poderia discorrer
sobre todos os outros tributos. Aí, pasmem, senhores, os banqueiros que sugam o
povo brasileiro, diariamente, com juros escorchantes neste País,
estratosféricos, não pagam impostos no País, não pagam impostos nos Estados,
não pagam impostos nos Municípios!
Esta
Cidade tem uma frota de quase 550 mil veículos! Eu desafio o Fiscal da Fazenda
Municipal, desafio o Procurador do Município, para que me mostrem, ao longo
desses anos, qual foi o centavo recolhido para os cofres públicos dessas
transações de leasing na Cidade, que
deveriam estar aqui para poder subsidiar centenas de milhares de problemas que
esta Cidade tem? Então, nós vamos continuar insistindo: não dá para banqueiro
não pagar imposto, quem tem de pagar mais é o setor improdutivo! Eu propus uma
Emenda - ela se encontra em Pauta - para que suba de 2% para 5% a transação do leasing, porque o recapeador de pneus
paga 5%, outros setores produtivos pagam 5%! E o leasing, Ver. João Carlos Nedel, deveria pagar 2%, mas não paga
nada, porque frauda, porque sonega! E fica por isso mesmo. Então, nós vamos
continuar lutando com as armas que temos, com a garruchinha que temos.
O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu fui colocado em um constrangimento no sábado, quando, em uma
revendedora de automóveis, fui fazer o leasing
e tive de assinar o contrato de prestações, e o Banco não tinha sede em Porto
Alegre, um Banco famoso, inclusive, sua sede é em São Paulo.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Vossa Excelência contribui com milhares
de transações.
Ver.
João Carlos Nedel, vou requerer o meu tempo de Liderança para poder concluir o
meu raciocínio, tão logo termine este.
Vossa
Excelência é testemunha viva do que eu estou dizendo, Ver. Claudio Sebenelo;
por exemplo, saia daqui, pegue o seu veículo, vá a uma revendedora e diga o
seguinte: “Eu quero trocar o meu veículo e, com o saldo, quero fazer uma
transação de leasing.” Traga o
contrato e mostre nesta tribuna se lá não está escrito Barueri, se lá não está
escrito São Caetano, se lá não está escrito o nome de qualquer outra cidade,
Ver. Ervino, mas jamais, Ver. Bernardino, constará a cidade de Porto Alegre!
Então,
nós queremos dizer, Sr. Presidente, que não dá para continuar desse jeito. E
aí, Ver. Adeli, eu não trouxe, num primeiro momento, nesse mesmo diapasão,
aquilo que eu vou adendar agora, aqui nesta tribuna, quanto a grandes
fraudadoras do Brasil - mas eu vou falar da minha Cidade, porque sou Vereador
desta Cidade -, que são as operadoras de cartão de crédito. Sabe por quê?
Quando eu vou num posto de gasolina, Sr. Presidente, eu coloco - eu uso muito
cartão de crédito para abastecer - cem reais de gasolina. Portanto, eu vou
pagar cem reais na fatura do meu cartão. O posto de gasolina, que é credenciado
com o cartão de crédito, quando vai receber da operadora, ele não recebe os cem
reais, ele recebe 95 reais, porque 5% é o serviço do cartão de crédito que a operadora
cobra. Portanto, sobre aqueles cinco reais incide o ISS, porque isso é serviço!
E são alguns milhões de reais que o fisco municipal deixa de colocar nos cofres
públicos. E está aí o sistema financeiro, mais uma vez, logrando o povo,
colocando recurso indevido no bolso! E nós nesse desespero de às vezes não ter
dez mil reais para propor uma Emenda no Município, porque a Prefeitura não tem
recursos, porque os recursos são diminuídos.
Então,
queremos dizer, em letras garrafais, que está na hora de o Poder Público tomar
uma atitude. Eu tenho certeza de que o Secretário Cristiano, que a Procuradora
Mercedes, duas grandes pessoas dos quadros da gestão, que se encontram sob o
comando do Prefeito José Fogaça, hão de encontrar uma solução. Se a Procuradoria
não quiser fazer, que lance um edital, que faça o que quiser. Agora, o que não
dá é para não cobrar; tem de cobrar o que ficou para trás e tem de cobrar daqui
para frente.
Por
último, Ver. Adeli, permita-me, com o respeito e o carinho que tenho por V. Exª:
se ladrões não pudessem falar na televisão, a maioria não poderia estar na
televisão. Desculpe-me, não é só o Roberto Jefferson que não deveria falar. O
Delúbio não poderia ter espaço na televisão; o Silvinho também não poderia;
assim como outros também não poderiam.
Eu
acho que, realmente, nós estamos vivendo em momento muito delicado neste País.
E eu fico ouvindo muita gente no rádio falando em ética na política e que
fizeram campanhas milionárias, e, aqui no Rio Grande também, não vamos “tapar o
sol com peneira grossa”. Eu fico assim, eu vou-me estufando de ouvir essas
coisas. Acho que a mãe dessas crises é o sistema político instituído, o que,
realmente, nós precisamos mudar.
Volto a dizer aquilo que eu disse nesta tribuna: não se faz uma Reforma Política
no bojo de uma crise desse tamanho, porque ela vai produzir um mostrengo e vai
perpetuar corruptos no poder, fazendo uma lista pré-ordenada por ordem de
votação. Isso tem um nome: prorrogação de mandato, um escândalo! Como é que um
Congresso, que está sob suspeita de “mensalão”, vai prorrogar mandato! Isso tem
que ser denunciado nas praças públicas todos os dias!
Vou
falar também sobre a crise nacional. O Presidente Lula continua cometendo
equívocos. Ele não deveria agir da forma que está agindo, especialmente em
relação ao meu Partido. Pode oferecer doze Ministérios ao PMDB, vinte ou a
metade do Governo, que nós, do Rio Grande e de boa parte do PMDB nacional,
vamos estar ao lado do Governo nas boas lutas, mas não vamos pegar cargo em
Governo. Nós, do PMDB do Rio Grande e outros, queremos a governabilidade e
vamos lutar por ela, porque o papel da governabilidade - e, desculpem-me, nisso
eu concordo com alas do PT - se dá em cima de projeto, de luta do povo e não em
cima de cargo, em cima de favores. Isso está errado. Acho que o Governo Federal
está passando da hora de fazer um Governo de coalizão, independente de
pertencer a Partido A ou a Partido B, para que pudesse levar este Governo até o
final. O Presidente Lula tem dois cidadãos do meu Partido - que tem ficha no
PMDB, mas que não são do PMDB - que estão prestando um desserviço ao Brasil: um
chamado Renan Calheiros e outro chamado José Sarney; esses dois homens estão
fazendo um mal ao Presidente Lula, ao PMDB e ao Brasil. E nós, do Rio Grande,
não vamos nos afastar, nós vamos expulsar esses cidadãos do Partido, porque
somos os fundadores desse Partido de uma história digna e honrada, e não eles,
que se apropriaram indevidamente. Reconheço as falhas do meu Partido
nacionalmente, mas acho que o Presidente Lula tinha, extraordinariamente,
condições de fazer um Governo de coalizão, mas não com essa gente - seja ela,
inclusive, parcela do meu Partido -, porque vai continuar essa mesma barafunda
de metade do PMDB estar num palanque e metade estar no outro, quando nós
podíamos estar todos juntos na governabilidade, se houvesse um projeto para o
País.
Eu
acho, Ver. Adeli, Ver. Todeschini, que está passando da hora, está “perdendo o
trem” no sentido de fazer um Governo que efetivamente discuta projetos e não cargos,
distribuição de favores, porque está provado que isso é um mal para o País, que
tem que ser passado a limpo e que tem que ser corrigido. Muito obrigado, Sr.
Presidente.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Carlos Todeschini está com a
palavra em Comunicações.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores
presentes, assistência do Canal 16 e público aqui presente, traz-me a esta
tribuna hoje um assunto relacionado à problemática da Saúde no Município de
Porto Alegre. Estive na sexta-feira pela manhã visitando os postos de saúde da
Restinga: Posto do Barro Vermelho, Posto da Vila Castelo e Posto da Pitinga. E
aquilo que foi dito, insistido e que foi elemento central da disputa política
que nós tivemos por ocasião da última eleição, de que a Saúde seria, Ver.
Sebenelo, prioridade, que se daria importância a ela, agora, concluídos seis
meses de Governo Fogaça, nós vimos que isso não passou de um discurso
absolutamente vazio.
No
Posto do Barro Vermelho, Ver. Sebenelo, faz seis meses que não há mais médico,
seis meses que não há um médico! Não se trata daquela CPI que não tinha
objetivo, trata-se de fatos: a população está desamparada e desassistida. No
Posto da Vila Castelo, Ver. Adeli, das 80 horas em que deveria haver médico
para atendimento em clínica geral e especialidades, estão sendo atendidas 20
horas, portanto 25% daquilo que está projetado para aquele posto de
atendimento. Encontrei pessoas lá que estavam na fila desde as 2 horas da
manhã, doentes, com febre, precisando de atendimento médico, e que de lá foram
encaminhadas para outras unidades, porque não tiveram atendimento. A mesma
coisa no Posto de Saúde da Pitinga: há mais de trinta dias que o médico não
aparece - está em licença da saúde - e não há substituto.
Então,
esse é o quadro dos três Postos de Saúde que eu visitei. Não pode ser por
casualidade apenas, Ver. Bernardino, simplesmente não há atendimento médico, e
as pessoas estão vindo ao meu gabinete dizer que há 15 dias, 20 dias não há
remédios, que há 15 dias, 20 dias a maior parte dos remédios não está
disponível. É só ver a fila aqui no Posto de Saúde Santa Marta e em outros
lugares da Cidade. Portanto, aquilo que foi dito foi uma grande enganação,
porque não se manteve o que havia - o que precisava, sim, ser melhorado a gente
reconhece -, mas o que houve é que piorou, e piorou muito, Ver. Oliboni.
Piorou, e está aí para ser visto o descaso, o desmando, o desgoverno, a falta
de gerenciamento.
Também
na semana passada eu estive lá na Av. Baltazar de Oliveira Garcia com a Av.
Manuel Elias, onde houve uma concentração e uma caminhada daquela comunidade.
Mais de trezentas pessoas interromperam a Av. Manuel Elias e a Rua Wenceslau
Fontoura por meia hora devido ao desmonte que está acontecendo nos Telecentros.
Os Telecentros, que foram uma escolha, uma modalidade, uma operação feita com
uma parceria entre Poder Público, comunidade e instituições de apoio - tais
como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e outras -, estão no completo
abandono, para não falarmos do desprezo com que são tratados pelo Governo. O
responsável pelos Telecentros, da Secretaria de Justiça e Segurança,
classificou-os como lan houses
financiadas pelo Poder Público, o que mostra o descompromisso, o descaso com
essa importante iniciativa, produzida em parceria; que precisa, sim, de um
estatuto legal, que precisa de um marco regulatório, que precisa receber
respaldo e firmação institucional. Agora, não dá para aceitar esse tipo de
coisa, esse senhor - parece-me que é o Sr. Blanco -, funcionário da Secretaria
de Justiça e Segurança, além de desmontar aquilo que estava funcionando, e bem,
não se preocupa em dar conseqüência à criação do ambiente para inclusão digital
da nossa juventude, dos nossos desempregados, das pessoas da comunidade que têm
a oportunidade, através do apoio do Poder Público, de se ambientar e se
familiarizar com as tecnologias da informação, para se adequarem, para se
introduzirem no mundo moderno.
A
mesma coisa está acontecendo em relação às creches, porque grande parte das
creches não está recebendo os repasses conforme deveriam receber, conforme
promessas de campanha e como vinha acontecendo. Estão em grandes dificuldades
para manter as crianças, os filhos dos trabalhadores que dependem da creche
para que seus pais possam exercer o trabalho, a geração de renda e as
atividades profissionais.
Também
agora, na sexta-feira, nós tivemos uma grande reunião, um fórum que tratou da
questão da Segurança Pública. Na Igreja Pompéia, reuniram-se mais de trezentas
pessoas lideradas pela CUT, pelo movimento social, pelos sindicatos, pelas ONGs
em defesa da paz e da não-violência. Eles caminharam, depois, no final da
atividade, da Igreja Pompéia até a Secretaria de Justiça e Segurança, no antigo
prédio da Rede da Viação Férrea Federal aqui do Rio Grande do Sul, numa
caminhada que buscou sensibilizar a comunidade e as autoridades para a escalada
cada vez maior da violência.
Havia
pessoas e lideranças de associações de moradores de Porto Alegre e de todo o
Rio Grande do Sul. E foi muito importante esse passo, inclusive o encontro
produziu uma carta que discutiu um conjunto de proposições e sugestões, que foi
entregue ao Secretário Estadual de Segurança substituto, para que o movimento
popular, o movimento sindical tivesse audiência, para que a Secretaria também
recebesse as contribuições da comunidade, para que a gente enfrente, Ver.
Ervino, a problemática da segurança.
Inclusive
V. Exª é Presidente da Comissão de Justiça e Direitos Humanos, V. Exª sabe que
essa é uma aflição primeira e principal da nossa comunidade. Sem dúvida, se
perguntarmos qual é o maior problema que a cidadania de Porto Alegre, do Rio
Grande enfrenta, as pessoas não vão ter dúvida de dizer que o problema número
um é o problema da violência, da violência contra a integridade física da
pessoa, da violência ao patrimônio, das mais diversas formas de violência. Com
o passar do tempo, com o desmonte, com a mudança da sociedade, com a mudança de
valores, nós tivemos um agravamento da crise devido aos desmandos que imperam
na área de Segurança: descontrole e falta de investimentos por parte do Governo
do Estado. Os poucos e parcos recursos existentes para a aquisição de viaturas
e para apoio das atividades são provenientes do Governo Federal. Porém é
necessário que o Governo do Estado faça a sua parte e que o Governo do
Município também cumpra com sua missão no que tange à integração das áreas de
segurança, para que a gente possa trabalhar, aqui, no nosso papel, na direção
de oferecer segurança e tranqüilidade aos cidadãos de Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, ontem o Instituto Chega de Violência, através do
Projeto Tolerância Zero, expôs o modelo contra o crime aplicado em Nova Iorque,
de autoria do criminologista George Kelling. Ele explicou a “teoria da vidraça
quebrada”, que foi usada em Nova Iorque; colocaram dois veículos em dois
diferentes bairros, um aparentando desleixo e outro bem cuidado. O que
aparentava desleixo foi imediatamente depenado, retiraram todas as peças; no
fim da tarde, ele não tinha mais nada. O outro ficou lá e, depois de uma semana
estacionado no mesmo lugar, estava perfeito. Aí veio alguém, propositadamente,
para fazer a análise e quebrou o pára-brisa. Algumas horas depois não sobrava
mais nada do carro. E por que eu estou dizendo isso aqui? Porque a violência
ocorre quando há a certeza da impunidade. Lá em Nova Iorque eles começaram por
onde? Pelo metrô, por onde algumas pessoas passavam e não pagavam, e outros
usavam grafite e pintavam todo o metrô, sujando toda a cidade.
O
que está acontecendo em Porto Alegre? Não será a mesma coisa? Não será a
impunidade, pois os grafiteiros têm certeza de que não serão punidos e vão
pintando, pintando, pintando? Alguns locais onde eles exibem as suas obras de
arte são de difícil acesso. Aqui no prédio, onde havia a Epatur, um prédio
público, estava grafitado lá na platibanda; como é que eles chegaram lá?
Ninguém viu? O indivíduo pinta de cabeça para baixo, e ninguém vê? É que eles
têm a certeza de que não serão punidos se forem flagrados fazendo aquilo, que é
um crime, sim, é crime contra a propriedade.
E
os nossos monumentos? Sobre o monumento ao Dr. Loureiro da Silva, belíssimo
monumento ali colocado, o grafiteiro deve ter levado meia hora pintando, com
detalhes, e pintura a óleo, já não era spray,
era pintura! E ninguém viu? Então eles têm certeza de que não serão punidos. A
Prefeitura gastou muito dinheiro na Administração passada, há pouco mais de um
ano, para recuperar o viaduto. Recuperado o viaduto, no outro dia, lá estava o spray pintando aquilo que custou o
dinheiro do povo; é crime! E, quando todos vêem que não há nenhuma pena para
esses indivíduos, eles acham que podem cometer outras coisas mais graves, mais
violentas, porque eles têm a certeza da impunidade.
Lembro
que participei de um fórum no Congresso Nacional, em que o Professor Heleno
Fragoso dizia que mais importante que a grandiosidade da pena é a certeza da
punição. Quando o indivíduo sabe que não será punido, ele vai fazendo, vai
fazendo; aí ele se sente mais à vontade, e vai crescendo a sua infração, o seu
crime, que, de repente, passa do simples grafite para a agressão pessoal, para
o assalto, porque fica tudo muito fácil: ninguém prende ninguém, não se faz
nada contra aqueles que sujam a Cidade.
Então,
vou fazer outra vez um apelo à população para quando virem um pichador, grafiteiro,
seja lá o que for: chamem a Polícia! Acho que quase todo mundo que tem
automóvel, tem celular; se passou, se viu um grafiteiro em ação, alerte pelo
190, para que a Brigada Militar tome uma providência, é assim que nós vamos
começar e atuar como fizeram em Nova Iorque. Não foi atacando o criminoso
violento ou o assaltante, não; foi pegando aquele pequeno, para que os outros
soubessem que haveria punição e que a tolerância realmente seria zero. Saúde e
PAZ!
(Não
revisado pelo orador.)
O SR.PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Registramos o aniversário do Ver. Ibsen Pinheiro, ocorrido
ontem. A Casa apresenta os cumprimentos ao ilustre Vereador.
O
Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra em Comunicações.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, agora,
no próximo semestre, a Comissão de Saúde terá dentre os seus temas principais o
chamado planejamento familiar, sobre o qual deveremos demorar algum tempo, pela
sua imensidão, grandeza e também importância social. O planejamento familiar é
quase que proibido nos Parlamentos e nos gabinetes políticos, porque o
posicionamento do homem público faz com que, muitas vezes, mais da metade do
eleitorado seja perdida e desagradada com posições realmente necessárias para o
enfrentamento desse assunto polêmico.
Em
“Geografia da Fome”, Josué de Castro cita um termo chamado “teleonomia”, que
quer dizer, cientificamente, que toda mulher com risco de vida, seja pela fome
ou por uma doença degenerativa na sua tenra idade reprodutiva, passa a ter 10,
20, 30 vezes mais capacidade de reprodução. Eu não tenho nenhuma dúvida de que
essa é uma ocorrência, Verª Clênia, absolutamente comum na marginal das grandes
cidades brasileiras. Isto é, a capacidade de reprodução aumentada pela fome,
pelo subdesenvolvimento, pela ameaça de extinção da espécie, pelo
não-provimento das necessidades mais básicas de alimentação, isso faz com que
as populações mais pobres tenham uma multiplicação muito maior, especialmente
nesses bolsões imensos de miséria e de pobreza onde se localiza mais da metade
da população brasileira, hoje, em dezessete grandes capitais e suas regiões
metropolitanas.
Esse
debate necessita de um enfrentamento, seja ele religioso... Se alguém - e a
temática do aborto é fundamental - me disser que é a favor do aborto, essa
pessoa é desumana, é cruel! Todos nós temos de ser contra o aborto. Mas essa
temática tem de ser debatida num País de 400 mil abortos não documentados, por
cifra estimativa, durante um ano, em todo o território nacional, com 180
milhões de habitantes.
A
questão da gravidez na adolescência tem de ser debatida com seriedade
acadêmica, com rigor científico, com metodologia adequada, já que foram
investidos orçamentos inteiros de Ministérios em busca de informação, de
pesquisa e não se chegou a nenhuma conclusão.
Temos
que ultrapassar os preconceitos, temos que ultrapassar as ideologias, temos que
ultrapassar o estreitamento dogmático do pensamento e da pesquisa no Brasil
para chegarmos a um projeto nacional em que as questões desenvolvimentistas passem
a correr paralelas e congruentes com as questões demográficas e,
principalmente, com o bem-estar social dessas populações que, às vezes, até
diminuem de tamanho, como hoje no Brasil, mas às custas de genocídios imensos,
quando se sai a castrar e a esterilizar indistintamente um percentual
importante da população. Sim, diminui a população.
Mas
a felicidade social que a população tem direito tem de ser medida com outras
unidades que não essas que hoje presidem a essa quase obrigação do Estado de
impedir a explosão demográfica, num País onde a desigualdade, onde a injustiça
social e, principalmente, a exclusão mostram que não adianta haver a
diminuição, de um lado, por desenvolvimento e, por outro, a condenação de
grandes porções da população a um processo de miséria e de opróbrio. E isso é
verificado nas grandes capitais brasileiras, nas zonas metropolitanas, esse
debate não pode mais ser postergado.
A Comissão
de Saúde e Meio Ambiente precisa se adonar desse tipo de conhecimento, trazer a
esta Câmara grandes autoridades no assunto, que só trabalham com esse tema há
muitos anos. Homenageamos aqui - e dizem que esta Câmara só faz homenagens - o
Dr. Natálio Ferrari, que foi o primeiro no Estado do Rio Grande do Sul a propor
esse tipo de planejamento, esse tipo de amparo às populações, principalmente,
dentro de um projeto educacional exemplar, que não foi cumprido a termo pelas
condições típicas dos Estados em desenvolvimento. E, fora do desenvolvimento,
não há possibilidade de solução - o desenvolvimento que traz o pleno emprego, o
bem-estar social.
E
se pergunta como, já que temos uma dívida externa insuportável, um juro
altíssimo, problemas de nacionalidade que vem desde o tempo do Império até
hoje. Mas não podemos mais nos omitir num assunto que vai interferir
diretamente na qualidade de vida das próximas gerações. E não se pode impedir
que as próximas gerações tenham, pelo menos, o direito de viver, e esse direito
de vida é um direito também de qualidade de vida. É um direito que tem que ser
assegurado não só na Constituição, mas na realidade social brasileira, em que o
desenvolvimento até hoje provocou uma imensa exclusão social, mais de 50% das
pessoas que participaram do desenvolvimento brasileiro dos anos 1960, 1970,
hoje, ainda se encontram na marginalidade, outros já morreram.
Desenvolvimento
econômico junto com o desenvolvimento social é o que todos nós desejamos. Não
agüentamos mais que se fale em desenvolvimento deixando na miséria metade da
população brasileira. Isso não nos serve. Queremos planejamento familiar
através da educação, através do desenvolvimento, mas, principalmente, Sr.
Presidente, através da nossa Comissão, fornecendo à cidade de Porto Alegre,
presenteando a cidade de Porto Alegre com esse estudo, a internalização do
pensamento dentro da complexidade, das dificuldades e da imensidão do tema, que
para nós não se trata só da complexidade, mas de um grande desafio, Sr.
Presidente.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Ervino Besson está com a palavra em
Comunicações, por transposição de tempo com a Verª Clênia Maranhão.
O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, senhoras e senhores que nos assistem pelo Canal 16 da TVCâmara,
saúdo a todos. Na penúltima Sessão Ordinária desta Câmara, estava em Pauta para
ser votado o Projeto do Ver. Bernardino Vendruscolo sobre o parcelamento do
ITBI, Imposto de Transmissão de Bens Intervivos. Alguns dos Srs. Vereadores
levantaram o problema de que o Projeto não havia passado em nenhuma das Comissões,
e, assim, com um ato de grandeza, o Ver. Bernardino concordou que esse Projeto
fosse adiado para o segundo semestre. Inclusive,
na
segunda-feira, eu estive em uma reunião com o Prefeito Municipal, juntamente
com o Ver. Dr. Goulart, na qual falamos sobre o Projeto do Ver. Bernardino
Vendruscolo.
Mas
eu digo que foi um ato de grandeza do Vereador deixar para o segundo semestre,
porque poderá passar pela Comissão de Constituição e Justiça - do Ver. João
Antonio Dib, um homem muito experiente - e depois vai obter os Pareceres
técnicos dos órgãos do Executivo. O Projeto, sem dúvida nenhuma, será um grande
Projeto para a Cidade de Porto Alegre, um belo Projeto, que, inclusive, foi um
assunto tratados pelo Ver. Sebastião Melo na tribuna no dia de hoje.
Esse
Projeto vai ajudar muito o Executivo Municipal; o Ver. Bernardino é um profundo
conhecedor da área, é o seu ramo de trabalho, e o Executivo talvez nem saiba
quanto está perdendo de Receita, porque há milhares de “contratos de gaveta”. O
Projeto do Ver. Bernardino diz que o parcelamento pode ser em até doze
prestações. Podem ser duas, três, quatro, cinco prestações, enfim. O Vereador
nos mostra o art. 156 da Constituição Federal, que estabelece competência aos
Municípios de instituir Imposto de Transmissão de Bens Intervivos. Portanto,
perfeito, Vereador. Eu acho que, no segundo semestre, a Câmara vai rediscutir
esse Projeto, que é importante para Porto Alegre, porque a idéia do Prefeito
Fogaça, não só nessa área de tributação, mas em outras áreas, é atacar os
problemas de uma forma bastante ampla, para que possamos - Executivo Municipal
e a Câmara, com seus 36 Vereadores e Vereadoras - discutir a regularização de
vários segmentos desta Cidade: loteamentos irregulares, impostos, etc. Há uma
série de problemas que nós, no decorrer deste mandato, desta nova
Administração, teremos condições de discutir, resolver e amenizar na cidade de
Porto Alegre. E um dos Projetos que vamos discutir, sem dúvida nenhuma, é esse
belo e inteligente Projeto do Ver. Bernardino Vendruscolo.
O Sr. Bernardino Vendruscolo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Ervino Besson, obrigado pelo apoio, obrigado pelo
entendimento, obrigado pela defesa do Projeto, obrigado pela sensibilidade.
Vossa Excelência realmente está enxergando aquilo que é a realidade do mercado
imobiliário. E nós esperamos ver esse Projeto aprovado, sim, a partir do
segundo semestre. Apenas tenho uma preocupação, parece-me que estaria superada
a necessidade de a Comissão de Constituição e Justiça fazer a análise, já que
fez uma análise no Projeto anterior. Mas nós estamos aqui de coração aberto, de
braços abertos, recebendo o apoio de todos os Vereadores porque entendemos o
Projeto necessário, e a sociedade, tenho certeza, vai aceitar de bom grado. É
um Projeto altamente social e vai trazer, sim, recursos ao Município. Obrigado,
Vereador.
O SR. ERVINO BESSON: Obrigado, Ver. Bernardino, mas, sem
dúvida nenhuma, como já disse, V. Exª teve um ato de grandeza. No momento em
que o Plenário receber este Projeto, ele vai vir fortalecido, porque vai vir
com o Parecer da Comissão de Constituição e Justiça e o Parecer, também, dos
técnicos do Executivo Municipal.
Ontem
à noite, eu participei de uma reunião no Centro Comunitário de Desenvolvimento
da Tristeza, que engloba aquelas três áreas, Pedra Redonda, Vila Conceição e
Assunção, em que o pessoal discutiu os problemas daquela região. É mais uma das
reuniões da qual participo, meus caros colegas Vereadores e pessoas que nos
assistem pelo Canal 16 da TVCâmara, e que eu me sinto constrangido. Vou
explicar o porquê. Todo aquele grupo de liderança que compõe uma parte daquela
região da Zona Sul de Porto Alegre colocou os problemas e o descrédito que tem,
hoje, em relação ao político. Não é preciso que as pessoas falem; só no olhar,
na maneira como colocavam os problemas, deu para sentir o descrédito em relação
a nós, políticos, e isso é preocupante. Muito preocupante!
O
que se fala hoje? Eu ouvi aqui o Ver. Adeli falando dos problemas dos
hospitais. É a CPI dos Correios; é a CPI do Bingo; é a CPI do Mensalão, são os
problemas com os fiscais da SMIC. Mas, minha gente, eu pergunto para o
telespectador, eu pergunto às pessoas que nos assistem aí nas galerias desta
Casa: em quem as pessoas vão acreditar? Acreditar em quem? Pessoas escolhem os
seus representantes, vão lá, votam... Enfim, essa é a situação que nós vivemos
hoje. É lamentável, Ver. Todeschini, extremamente lamentável o que está
acontecendo neste nosso País.
O Sr. Carlos Todeschini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Só para ajudar a discutir, porque o assunto levantado é pertinente.
As coisas que estão aparecendo não são de hoje, elas são endêmicas no Brasil,
elas têm um longo curso, nós temos um sistema que favorece isso, porque há
alternância das situações. E ainda bem que isso está aparecendo porque coloca
para a sociedade o desafio de discutir e o desafio para a gente. Nós, que
estamos ocupando os Parlamentos, devemos colocar e dispor de uma legislação que
coíba, que controle. Agora, evidentemente, há situações e situações. Vossa
Excelência vê que isso tudo está incrustado há muito tempo no Executivo. Essa
situação da SMIC não é a única; eu tenho outras denúncias que recebi no
gabinete, as quais estou investigando, estou vendo. E, em outros lugares, isso
parece que, há muito tempo, talvez pelos regimes autoritários, pela forma como
o Estado Brasileiro aconteceu, se foi reforçando, foi-se incrustando em todos
os setores da sociedade. Agora, nós temos de fazer um profundo debate e
produzir uma legislação que diminua ao mínimo, pelo menos, as possibilidades da
corrupção, do crime, de todos esses atos que, de fato, degeneram a sociedade.
O SR. ERVINO BESSON: Obrigado, Ver. Todeschini.
Eu
acho que nós temos de pedir a Deus que ilumine o nosso Presidente. Ele não é
Presidente de alguns segmentos da nossa sociedade brasileira; ele é o
Presidente da Nação brasileira. Então, pedimos a Deus que ilumine o nosso
Presidente, para que todos esses fatos sejam apurados de uma forma clara,
transparente, de uma forma que o nosso povo tão sofredor consiga recuperar a
credibilidade nos nossos Parlamentos.
Sr.
Presidente, solicito tempo de Comunicação de Líder.
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ERVINO BESSON: Obrigado, Presidente.
Da
forma como está acontecendo, o descrédito dos Parlamentos, hoje, é extremamente
preocupante. Estamos vivendo, graças a Deus, em um País democrático, mas a
população está perdendo a credibilidade nos Parlamentos, o problema é muito
sério, é extremamente sério, porque esses recursos - milhões e milhões - que
são retirados e gastos sei lá como são recursos que poderiam estar sendo
aplicados na Saúde. O povo espera anos e anos por uma cirurgia e não consegue,
é um martírio, é aquela tristeza, aquele sofrimento, os recursos são desviados
por pessoas que não têm a mínima dignidade, responsabilidade e respeito pelo
ser humano.
Portanto,
que sejam apurados esses fatos todos, que as pessoas paguem por isso. A população
acompanha isso no dia-a-dia, minuto a minuto e cobra dos nossos órgãos
competentes, que têm a responsabilidade de condenar essas pessoas, que eles
prendam, que confisquem seus bens. É isso que esperamos! Nós temos que
recuperar a nossa credibilidade; não só este Vereador, tenho a certeza de que
vários Vereadores desta Casa se sentem constrangidos quando chegam a algum
lugar e dizem que são políticos, tal o descrédito que temos perante a opinião
pública. Isso é muito sério, minha gente, é extremamente preocupante.
Onde
está a nossa democracia, que conquistamos com tanta luta, com tanto suor, com
tantas lágrimas? Será que vamos deixar escapar de nossas mãos essa democracia?
Preocupo-me com isso. A Nação brasileira está correndo um sério risco. Meus caros
colegas Vereadores, meu caro Presidente Aldacir Oliboni, talvez nós não
estejamos nos dando conta do caminho que o nosso País está hoje trilhando, um
caminho em que talvez fatos acontecerão, e nós, pessoas de bem, não gostaríamos
que viesse a acontecer. Isso nos preocupa profundamente. Mas eu acredito ainda
na nossa Justiça, eu acredito no nosso Poder Judiciário, meu caro Ver.
Todeschini. Nós temos gente de bem, nós temos gente competente, nós temos gente
que se preocupa com o nosso povo, esse povo tão sofredor. Até quando?
Eu
quero agradecer com muito carinho à Verª Clênia, que me concedeu o seu tempo
para que eu falasse em seu lugar, já que tenho um compromisso. Muito obrigado,
minha cara colega Verª Clênia.
Para
encerrar, quero deixar aqui para esse povo, para essa gente, que tanto
malefício traz para o nosso País, uma pequena mensagem (Lê): “A morte é uma
realidade frágil, passageira, infinita.” Obrigado, Sr. Presidente.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): A Mesa registra uma solicitação do
Partido dos Trabalhadores, através de sua Liderança (Lê.): “Sr. Presidente,
comunico, para os devidos fins, que, na Reunião desta data, a Verª Maristela
Maffei, Titular da Comissão Representativa, será substituída pelo Ver. Carlos
Comassetto”, que passa a ser Titular com toda a autonomia de votação nesta
Plenária.
O
Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu
queria agradecer ao Ver. Todeschini a contribuição que trouxe ao debate sobre a
falta de médico no Posto Barro Vermelho. Realmente é um problema sério, e já
foi chamado um médico pela Secretaria, que está providenciando o preenchimento
desse cargo no Posto Barro Vermelho. Ocorre que os concursados têm dificuldade
em assumir pelo baixo salário pago pela Prefeitura, e há uma distância de ida e
volta que consome quase um tanque de gasolina, fazendo com que as pessoas
deixem de assumir o cargo. A Prefeitura deve estabelecer aquilo que se criou no
Estado em relação a locais inacessíveis ou de longa distância, porque realmente
há um grande consumo de combustível, e, no fim do mês, isso pesa na conta, pesa
no salário, já que o salário é quase que simbólico para o básico inicial. Já
telefonei para a Secretaria, e a resposta é que imediatamente será
providenciado, e vão chamando até encontrar um profissional que aceite fazer
esse tipo de trabalho, especialmente aquele que mora nas proximidades, porque a
grande maioria, evidentemente, mora no Centro da Cidade.
Gostaria
de responder ao Ver. Adeli Sell. Vereador, concordo plenamente com a crítica
feita ao Deputado Roberto Jefferson, que, num momento desses, se transforma num
cantor, lembrando Nero buscando a sua lira para ver Roma incendiar. Mas
gostaria que V. Exª tivesse a mesma veemência, quando a Nação está de luto - e
o nosso luto é um luto social, é a sociedade inteira que está de luto, não são
somente os políticos -, em relação à festa na Granja do Torto com trezentos
convidados. Isso, para nós, soa de uma forma muito prosaica, e o
não-entendimento do que está ocorrendo no País passa simbolicamente pelas
estruturas e agências burocráticas do Palácio do Planalto. E isso requer
respeito, a sociedade pede respeito ao seu próprio luto, ao seu constrangimento
e à sua inconformidade com essas verdadeiras deformidades sociais que vemos a
cada instante, em que o roldão pode passar levando toda uma sociedade a
conclusões trágicas, ameaçando, sim, o processo democrático. O País precisa que
essas questões terminem logo, mas elas vão-se demorar. Há uma mudança
ministerial importante nos próximos dias que, inclusive, mudam as estatais nos
Estados brasileiros, todos. São quatro Ministérios que serão dados como
panacéia a esse problema grave, a esse pedido de ajuda ao PMDB e a outros
Partidos, inclusive, ao PSDB, há um pedido formal do Presidente.
E
aí eu pergunto: onde está o golpe? Nós queremos a manutenção das instituições
da Presidência da República, e, no momento em que sai um Ministro, tem de
entrar outro, porque a falácia do golpe caiu; agora, o que se vê é que, muitas
vezes, nós mesmos, sozinhos, podemos dar término a um projeto do qual depende
toda a sociedade. Esse suicídio político é sintomático de uma outra estrutura
por trás de tudo, em que a sociedade brasileira inteira sente-se condoída com
uma dor social difícil, dor social essa que mostra que ela, sociedade, também
está profundamente doente. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): A Verª Clênia Maranhão está com a palavra
em Comunicações.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, estamos iniciando o processo de Reunião
Representativa, em que temos uma possibilidade maior de discutirmos as
problemáticas do nosso Município. Então, eu queria me reportar a algumas
questões que foram levantadas, sendo a primeira delas a existência e a
realização dos Programas dos Telecentros, uma rede existente no nosso
Município.
Mas, antes disso, eu
queria dizer que, nas últimas décadas, fundamentalmente nesta última década,
inúmeros Municípios brasileiros, e de outros continentes, desenvolveram uma
política pública extremamente importante do ponto de vista da implantação de
uma política de inclusão digital. Eu, particularmente, tive a possibilidade de
acompanhar a Conferência Internacional, ocorrida em Lyon, com centenas de
apresentações de vários Municípios que adotaram programas de inclusão digital,
de luta contra o analfabetismo digital, promovendo políticas de inclusão
digital, além das experiências de governo digital.
Infelizmente, Porto Alegre
avançou pouquíssimo, nos últimos anos, no que concerne à garantia de políticas
de inclusão social e digital - hoje, duas questões inevitavelmente
interligadas. Portanto, os Telecentros herdados apresentavam debilidade quanto
às políticas de inclusão. E, respondendo aos questionamentos aqui levantados
pelo Ver. Todeschini, eu queria lembrar que, no dia 1º de janeiro, não havia
nenhuma possibilidade de manutenção dos Projetos dos Telecentros, porque não
havia previsão orçamentária, nem convênios assinados que garantissem o
funcionamento daqueles Telecentros. Evidentemente, essas questões não foram
levantadas no processo de debate eleitoral.
Eu acho que a
inviabilização desses programas é muito grave, porque os Telecentros eram
apresentados como políticas de inclusão, porém, na verdade, não havia previsão
orçamentária, não havia convênios que garantissem essa continuidade. Era, na
verdade, um pulo no escuro, na verdade não havia um compromisso de continuidade
daquela política pública. Trinta e cinco Telecentros, neste momento, estão
sendo plenamente reativados. A programação da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre em relação aos Telecentros não é apenas de reabrir nos moldes
extremamente precários, como funcionavam os Telecentros na nossa Cidade; é de
implementar ações que sejam coadjuvantes do processo existente, ações
complementares que permitam uma melhor participação da juventude, que é
exatamente o segmento da sociedade que mais usufrui dos Telecentros.
E eu acho que as críticas
têm de ser fundamentadas para terem credibilidade, eu acho que havia um
desconhecimento, mas eu espero que daqui para frente essa informação sirva para
o acompanhamento dos Vereadores de oposição, da reativação, da ampliação, do
atendimento de 35 Telecentros previstos até o final do mês de julho.
Eu
queria ainda convidar as Sras. Vereadoras e os Srs. Vereadores para a
inauguração, amanhã, no horário das 14h30min, nos autos do Mercado, do
Telecentro do Mercado. Eu acho importante as Vereadoras e os Vereadores
acompanharem essa unidade de inclusão digital em parceria com o Sindilojas, no
espaço central da Cidade, para que pudessem assim perceber o nosso compromisso
com a política da ciência e tecnologia, o compromisso de uma política de inclusão
das camadas jovens da periferia da nossa Cidade.
Uma
outra temática importante levantada nesta tribuna também careceu de uma
pesquisa por parte do Vereador, eu então passo as informações que considero
importantes e também sugiro algumas visitas onde hoje estão funcionando as
farmácias distritais reabertas, abertas, no bairro Navegantes, reequipadas, no
caso do Centro, da Vila Iapi e dos Comerciários. E ainda ressalto como melhoria
da política de Saúde não apenas os mutirões de cirurgia, mas retomo desta
tribuna - porque é um benefício importante para um segmento que é muito
excluído da nossa sociedade - o atendimento aos portadores de deficiências
visuais. Eu acho que uma das políticas fundamentais nessa área são as políticas
de prevenção, que devem iniciar na infância; portanto, há o Mutirão da Boa
Visão implantado pela Secretaria Municipal da Saúde, que inicia nas escolas
municipais - inclusive, no primeiro atendimento, atingiu 91 crianças -, com
atuação em bairros extremamente populosos e carentes de serviços na área
social, na área da Saúde, da Assistência, como é o caso do bairro Restinga.
Então, eu acho que o Mutirão da Boa Visão e a implantação das farmácias
distritais são boas notícias destes meses de Governo, que não está preocupado
em olhar para trás, ele está exatamente comprometido com a preservação das
estruturas herdadas nesta Cidade, com a reestruturação dos equipamentos sociais
da Saúde que estavam absolutamente danificados e, principalmente, com o
atendimento da demanda reprimida, quer seja na área das cirurgias, quer seja na
falta de atendimento às crianças e adolescentes que não tinham acesso aos
exames visuais.
E,
por último, eu queria retomar essa questão que foi trazida pelo Ver. Claudio
Sebenelo, referindo-se à política de atendimento nas áreas de periferia com as
equipes do PSF - Programa Saúde da Família. Eu não disponho de mais tempo para
aprofundar essa questão, mas acho que, durante este mês, poderemos, com o tempo
que temos, descobrir, aprofundar as causas e procurar soluções para a
baixíssima, a pequena rede de atendimento na área de Saúde da família, uma área
prioritária, desenvolvida com êxito em outros países e em inúmeros Municípios
brasileiros e gaúchos.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Raul Carrion está com a palavra em
Comunicações, por transposição de tempo com o Ver. Carlos Comassetto.
O SR. RAUL CARRION: Exmo Ver. Aldacir Oliboni, demais Vereadores e Vereadoras, todos que
nos assistem aqui, hoje, e também pela TVCâmara, em primeiro lugar queríamos,
de forma rápida, Ver. Bernardino, dizer da nossa participação, nos dias 29, 30
e 1º deste mês, em Brasília, de diversas e importantes reuniões em
representação desta Casa e nós faremos, como é de costume, um relatório
circunstanciado e, inclusive, a entrega do material para que todos os
Vereadores se apropriem dessas informações.
Queria
referir que na reunião do Concidades, realizada nos dias 30 e 1º, foi aprovada
uma importantíssima resolução de orientação e recomendação para a elaboração e
revisão dos Planos Diretores - o nosso caso é de revisão -, desde a questão da
adequação ao Estatuto da Cidade, do plano de mobilidade urbana até inúmeras
outras questões elencadas e que nós, depois, passaremos aos Vereadores e à Casa
quando fizermos o relatório.
Também,
na reunião do Comitê Técnico, realizada no dia 29, foi amplamente discutido - e
essa discussão continua até o dia 15 pela Internet - o anteprojeto de lei do
marco regulatório da mobilidade urbana. Um terceiro elemento importante é que
nós aprovamos, Ver. Todeschini, Ver. Comassetto, Verª Celeste, uma Moção de
Solidariedade à Família Silva, solicitando a sua manutenção nesse local, visto
que tanto o INCRA como a própria Secretaria Nacional da Igualdade Racial e a
Fundação Cultural Palmares já reconheceram como o primeiro quilombo urbano. Nós
também passaremos essa Moção, posteriormente, depois aos colegas.
Por fim, aprovamos uma
Resolução do Concidades para que sejam destinados 1 bilhão e 200 milhões de
reais no Orçamento Geral da União, como suplementação, para compor o Fundo
Nacional de Interesse Social, criado no mês passado. Esse Fundo precisa de
recursos para aplicar em moradias subsidiadas. Esperamos que eles possam ser
disponibilizados.
Isso posto, queríamos
também fazer uma referência à 1ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade
Racial realizada em Brasília, com mais de 1.200 delegados, jogando um
importantíssimo papel. E não é por acaso, Verª Manuela, que, pela primeira vez,
se realiza uma Conferência Nacional pela Igualdade Racial, onde se reuniram
índios, negros, afro-brasileiros, ciganos, árabes - que hoje sofrem uma grande
discriminação devido à pressão do imperialismo norte-americano contra os países
árabes -; lá, discutiram-se longamente esses temas.
Não
vamos tratar da realização do Congresso da UNE, pois a nossa camarada e Líder
da Bancada, Verª Manuela, que lá esteve, trará o seu relato circunstanciado.
Mas parabenizamos os jovens estudantes brasileiros que realizaram um dos
maiores congressos da sua história, com quase cinco mil delegados - o Ver. Dib
sorri, relembrando seus tempos de jovem -, em que foram aprovadas importantes
deliberações sobre as quais a nossa Líder falará, e foi reeleito o atual
presidente da UNE, Gustavo Petta, pela Chapa 12 – inscreveram - se 13 chapas -,
que obteve a imensa maioria, mais de 50% dos votos.
Também queríamos falar,
com júbilo, Ver. Dib, que a cidade de Olinda - a bela Olinda - foi agraciada
com o título de Capital Brasileira da Cultura; acaba de ser agraciada,
concorrendo com inúmeras cidades do Brasil, como Salvador e outras tantas
cidades; como Ouro Preto, que tem um peso cultural, e não é mera coincidência,
Ver. Todeschini. A cidade de Olinda é dirigida pelo Partido Comunista do
Brasil. A nossa Prefeita foi reeleita com mais de 60% dos votos no primeiro
turno. Orgulha-se o meu Partido que a cidade de Olinda seja, neste ano, a
Capital Brasileira da Cultura, mostrando a seriedade do trabalho da nossa
Prefeita e do nosso Partido; evidentemente, em aliança com o Partido dos Trabalhadores,
que tem o Vice-Prefeito da Cidade. Em Recife é o contrário, estamos numa
aliança - o Prefeito é do PT, e o Vice-Prefeito é do PCdoB -, mostrando que
essas parcerias são necessárias, fazem bem para a saúde dos Partidos e do País.
Queríamos também, com
grande alegria, referir-nos ao site
do PCdoB, na internet, o site
Vermelho. Ele já foi, nos últimos três anos, agraciado com o prêmio iBest, que
é o “Oscar” da Internet; foi considerado, num dos anos, um dos dez melhores do
Brasil; no outro ano, um dos três melhores; e, no outro ano, o melhor do
Brasil. E obteve mais um recorde, neste mês de junho, com 368 mil acessos em 30
dias, dando uma média de 12 mil e 264 acessos diários, é talvez um dos melhores
e mais acessados sites políticos do
nosso Brasil.
Bem,
queríamos ainda fazer uma referência à vitória, no CPERS, Verª Manuela, da
Chapa 2, a Chapa da CUT, presidida pela companheira Simone Goldschmidt - Chapa
Dignidade. Ela disputou com outras duas chapas, a Chapa do PSOL e a Chapa do
PSDB, a Chapa Pó de Giz, que, como o Ver. Goulart outro dia esclareceu, não
tinha nada que ver com a antiga Chapa Pó de Giz, que era hegemonizada pelo PDT.
A Chapa 2, Dignidade, venceu as eleições do CPERS com 45% dos votos. Está
presente nessa chapa também o Diretor do nosso Partido, da Corrente Sindical
Classista. Isso mostra que é uma categoria progressista, e, apesar do ataque -
seja da ultra-esquerda, seja da direita, que não obtiveram êxito -, o CPERS
continuará sendo uma entidade autônoma, independente, mas que tem lado, que é o
lado da transformação deste País, não é o lado da desestabilização do País, não
é o lado do ataque ao Governo Lula.
Por
fim, queríamos, de forma rápida, fazer uma referência ao grave momento político
que vive o País, reafirmar a opinião e a posição do PCdoB, que é clara desde o
início, no sentido de que toda e qualquer corrupção seja esclarecida, que todo
e qualquer corrupto seja punido, mas que, ao mesmo tempo, tenhamos a clareza de
não aceitar o jogo daqueles setores que querem desestabilizar o Governo
legitimamente eleito e que está mudando a face deste País. É bom que se tenha
claro que essa corrupção que se discute hoje no Congresso é sistêmica, vem de
longa data; talvez por isso a oposição, até ontem, estivesse obstruindo e
bloqueando a proposta de que a CPI do Mensalão fosse mais ampla, Ver. Dib,
desde o Governo passado, porque as denúncias de pagamento de 200 mil reais para
que fosse aprovada a Emenda da Reeleição de FHC nunca foram apuradas, foram
deixadas de lado pela "operação abafa" do Presidente Fernando
Henrique.
E
é bom que se diga que os estão sendo acusados hoje ainda ontem eram líderes do
PMDB. Já foram acusados representantes do PP, representantes do PTB e
representantes do PSDB; aliás, o Governador Cassol foi pego com a “mão na massa”.
Então, vamos apurar, Ver. João Dib, mas com seriedade, com respeito e
garantindo a governabilidade deste País.
(Não
revisado pelo orador.)
A SRA. MANUELA D'AVILA (Requerimento): Sr. Presidente, eu gostaria de solicitar
Tempo Especial para fazer o relato da viagem que fiz representando esta Casa.
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Após a manifestação do Ver. João Carlos
Nedel, a Verª Manuela utilizará a palavra em Tempo Especial.
O
Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr.
Presidente, Vereadores,
Vereadoras, esta Casa está falando, estudando, discutindo vários assuntos,
aspectos tributários. Estamos discutindo Projeto que está na Casa, nas
Comissões, do Ver. Bernardino Vendruscolo que parcela o Imposto de Transmissão
de Bens Imóveis, ITBI, em até 12 parcelas. É um Projeto importante que muitos
contribuintes estão solicitando, porque, muitas vezes, faltam recursos para
fazer a parte final da transferência imobiliária. Alguns têm dúvida a respeito
da competência desta Casa para tributar, mas as recentes decisões do Supremo
Tribunal Federal, e já há jurisprudência firmada, dizem que esta Casa
Legislativa tem competência para legislar na área tributária. E o Ver.
Bernardino está parcelando, não está diminuindo alíquota.
Aliás,
a respeito de diminuição de alíquota, eu não sei por que Porto Alegre tem uma
alíquota de 3%; em todo o Rio Grande do Sul, a alíquota é 2%, e a avaliação do
bem é muito inferior a Porto Alegre. Portanto, Porto Alegre ganha com a alíquota
maior e ganha com a avaliação maior. Então, eu estou pensando, Ver. Bernardino
Vendruscolo, em colocar um Emenda no seu Projeto, sugerindo uma alíquota igual
à alíquota de quase todos os Municípios do Rio Grande do Sul, que é de 2%.
O Sr. Bernardino Vendruscolo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Obrigado, Ver. Nedel, pelo apoio, pelo entendimento de V. Exª sobre
a necessidade desse Projeto. Além do que já colocou, lembro que são milhares de
contratos particulares, como recibos, Arras, Contrato de Compra e Venda, Cessão
de Direito, todos esses contratos conhecidos como “contratos de gaveta”, e as
pessoas não os levam para registro porque hoje há a necessidade do pagamento à
vista do valor do ITBI, da Escritura e do registro no Registro de Imóveis. Como
V. Exª coloca, é verdade que nós aqui em Porto Alegre enfrentamos uma
dificuldade muito grande quando da compra de um imóvel, pois os impostos não
são pagos pelo valor do negócio, e sim pelo avaliado pela Fazenda Pública.
Tenho vinte anos de mercado e até hoje não vi uma avaliação de acordo com o
valor de mercado; todas as avaliações são além do valor de mercado. Eu agradeço
o apoio que V. Exª dá a esse Projeto; a sociedade e o Município vão ganhar na
medida em que possamos regularizar esses milhares de “contratos de gaveta”.
Obrigado, Vereador.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Obrigado, Vereador, parabéns pelo seu
Projeto.
Muito
também se tem falado nesta Casa sobre a tributação de leasing, que, no meu entendimento, é um serviço e é tributado pelo
ISSQN. No entanto, os Tribunais ainda não deram uma decisão definitiva se o leasing paga ICMs ou ISSQN. Alguns
Estados estão discutindo isso porque querem que o leasing pague ISSQN. No meu entendimento, mas eu não sou jurista, o
leasing é um serviço, é um aluguel,
portanto é uma prestação de serviço e deve ser tributado pelo ISSQN. Aliás,
várias empresas já estão recolhendo o ISSQN sobre o leasing. Inclusive eu e o Ver. Adeli Sell fizemos um trabalho muito
forte, antigamente, para reduzir a alíquota de 5% para 2%, com o intuito de que
algumas empresas gaúchas que tivessem sede no Interior retornassem para Porto
Alegre. Mas ainda há dúvidas jurídicas sobre a tributação do leasing, se é ISSQN ou ICMS.
A
outra dúvida jurídica ainda existente é que não foi esclarecido em que lugar é
recolhido o imposto: se é na sede da empresa ou no local onde é prestado o
serviço. Já há decisões, mas não são decisões definitivas, alguns bancos,
algumas empresas de leasing recorreram
ao Supremo e ainda não obtiveram a decisão.
Então,
a Prefeitura de Porto Alegre está em dificuldade para autuar essas empresas de leasing que não têm sede aqui, mas que
prestam o serviço em Porto Alegre, porque, se as autuarem, essas questões serão
discutidas na Justiça, e a Justiça demorará um certo tempo para reconhecer quem
tem direito a cobrar, se é na sede da empresa ou no local da prestação de
serviço.
Outra coisa, tem-se dito
nesta tribuna que os bancos em Porto Alegre não pagam imposto. Acho que estão
mal-informados, porque os bancos são os maiores contribuintes do ISSQN em Porto
Alegre. São os primeiros do ranking e pagam a taxa de 5%; são os maiores
contribuintes. Não sei por que é dito aqui que os bancos não pagam impostos.
Ora, se não pagassem impostos, certamente seriam autuados, e a Prefeitura já
teria inclusive cassado o seu alvará.
O
Ver. João Antonio Dib falou aqui sobre os pichadores. Tristemente há um abuso,
há um crime contra o patrimônio público estatal e particular. É um crime, e o
Ver. Adeli tem um trabalho sobre o tema.
O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador): Agradeço o aparte, Ver. Nedel. Vossa Excelência deve ter visto que
a Prefeitura acaba de fazer, corretamente, uma parceria com uma empresa de
tintas e já pintou alguns viadutos com uma tinta que facilita a retirada da
parte pichada.
Estou
articulando um Projeto com algumas pessoas e com algumas entidades privadas,
inclusive, para fazermos um grande corredor na Cidade, em que haja vários
prédios públicos, instituições, para que possamos fazer um trabalho semelhante
ao que o Ver. Dib mencionou, com tolerância zero para as ilegalidades. Ou seja,
não ter nada, absolutamente nada, estragado; tudo limpo, tudo pintado, nós
vamos fiscalizar e fazer uma grande força-tarefa para essa situação. Agradeço o
aparte.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: E é muito importante que V. Exª coloque
nesse Projeto uma fórmula - não sei qual - que multe ou penalize, porque é um
crime contra o patrimônio. Mas que penalize os pais, porque muitos menores
praticam esse crime e não são condenados por serem menores. E onde é que estão
os pais? Os responsáveis por esses menores? Aliás, muita coisa é feita, muitos
males acontecem, porque os pais estão omissos, não sabem por onde andam e o que
fazem os seus filhos. É um problema familiar, sim, mas os pais têm de ser
responsáveis pelos seus filhos menores. Parabéns, Ver. Adeli; parabéns, Ver.
Dib, que enfocou o assunto. Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Professor Garcia está com a
palavra em Comunicações, por cedência de tempo da Verª Manuela d’Ávila.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, quero agradecer à Verª Manuela, que gentilmente
cedeu o espaço que iria ocupar neste momento para que este Vereador pudesse
utilizar a tribuna.
Na
semana passada, no dia 29 de junho, nós tivemos a oportunidade de participar do
evento de reinauguração da Escola Estadual de Ensino Fundamental Brigadeiro
Eduardo Gomes, onde estava o Secretário de Educação do Estado José Fortunati.
Essa Escola, que está completando quarenta anos, sofreu uma reforma total que
custou aproximadamente trezentos mil reais. Essa reforma, coisa não muito
comum, foi totalmente subsidiada por algumas empresas, juntamente com o Rotary
Anchieta e mais a Associação dos Amigos do Bairro Anchieta. Queremos trazer a
público, também, os agradecimentos à Diretora Iara Terezinha Nunes; à sua
Vice-Presidente, Magda Caetano; ao Presidente da Associação dos Amigos do
Bairro Anchieta, Sr. Jorge Eckert; ao Heron, Presidente do Rotary; estavam lá
também a Brigada Militar; o Governador do Rotary 435.
Eu
quero trazer a público algumas empresas que colaboraram para a realização dessa
obra. O Secretário ficou surpreso, porque normalmente as escolas sempre
solicitam algumas coisas para o Secretário; são mostradas as dificuldades, mas
lá ocorreu o contrário. Houve a reinauguração de salas de aula, de um amplo
refeitório com fogão industrial, com móveis totalmente novos, uma sala de
informática com nove computadores. Para o Estado não houve nenhum custo, ou
seja, o Estado foi agraciado por essas entidades que eu vou ler agora, para
vocês verem o que é um pool de entidades, de empresas que
participaram. (Lê.) “Aeromot S/A, Aeronaves e Motores; Adubos Trevo S/A” - e,
quando falo sobre a questão do Adubos Trevo, lembro que lá foi implantada uma
horta - “Agritech Lavrale; Agroamérica; Cobreal Sul Indústria de Metais;
Compagro, Companhia de Produtos Agrícolas; Copafrio, Companhia de Produtos
Frigoríficos; Delphi Automóveis Systems do Brasil; D H B, Componentes
Automotivos S/A; Demolidora Maresteves Ltda.; Excelsior Pneus S/A; FEMAR,
Comércio e Distribuidora de Produtos para Agricultura Ltda.; Guaíba Comércio de
Metais Ltda.; Hotel Deville de Porto Alegre; IAT Ltda. ; Inovare Móveis e Divisórias
Ltda.; Isla S/A, Importadora de Sementes para Lavoura; Limpac Plastic Brasil
Ltda.; Lipon Química Industrial ltda; Makena, Máquinas e Equipamentos e
Lubrificantes Ltda.; Máquinas Condor S/A; Mazzarollo Comercial Agrícola Ltda.;
Metalúrgica Rodolfo Glaus Ltda.; Newpar Montagens Eletromecânicas e Instalações
Ltda.; Pláticos Vipal S/A; Polimarketing Termoplásticos Ltda.; Pontes,
Distribuidora de Máquinas e Equipamentos; Preconcretos Engenharia S/A; Prosegur
Brasil S/A; Savar S/A; Serki Fundações Ltda.; Strip Cargo; Toniolo Busnello
S/A; Toronto Construções Ltda.; Zamprogna S/A, Importação, Indústria e
Comércio; e o Grupo Gerdau.
Esta
Escola é só até à 4ª Série, e os alunos, quando passam para a 5ª Série, têm de
se deslocar para o Colégio Souza Lobo, que fica a seis quilômetros do local.
Com isso, o que está ocorrendo? Uma grande evasão! As crianças não conseguem se
deslocar, porque têm de pagar o ônibus. Porto Alegre tem uma característica
especial em relação aos outros Municípios, em que a grande maioria é de escolas
municipais. Aqui, a grande maioria é de escolas estaduais, portanto não estão
cobertas em relação a essa questão do não-pagamento de transportes para as
crianças.
Logo
após a solenidade de inauguração das salas de aula, foi levantada ao Secretário,
pela comunidade e pelo Rotary, a possibilidade de ser implantada, a partir do
próximo ano, a 5ª Série. O Secretário, de forma categórica, disse que não é um
homem de prometer, mas assegurou que, se a comunidade continuasse investindo e
se comprometesse a construir uma nova sala, autorizaria a implantação da 5ª
Série. A comunidade, de pronto, se comprometeu. Esse é o registro que eu quero
trazer aqui, porque são inúmeras, são mais de duas dezenas de empresas que
farão uma nova sala de aula, para que, no próximo ano, essas crianças do
entorno do Aeroporto possam ser contempladas com a 5ª Série.
Eu
quero trazer a público isso, porque, muitas vezes, se critica tanto a
iniciativa privada, mas desta vez a iniciativa privada está mostrando a sua
responsabilidade social, fazendo a sua parte. Então, nós queremos parabenizar o
trabalho do Rotary/Anchieta, a Associação dos Amigos do Bairro Anchieta,
através do Sr. Jorge Eckert, o grande motivador que conseguiu sensibilizar,
porque levou os empresários para essa escola, uma escola carente. Hoje eles
estão ajudando nas roupas das crianças, na alimentação das crianças, e o Estado
apenas está entrando com o corpo docente, mostrando uma situação diferenciada,
que essas parcerias entre Poder Público e iniciativa privada podem, realmente,
cada vez mais, dar certo, porque o empresário constata que, se ajudar,
principalmente na visão educacional aquelas crianças, certamente elas terão um
futuro maior, serão adultos comprometidos. Assim, muitas vezes como ocorre,
como nós vemos, não ficarão empresas com alto potencial virando as costas para
a sociedade e, muitas vezes, depois, reclamando e não sabendo porque aquela
própria sociedade é a primeira a aviltar os seus pertences. Então, quando
existe uma parceria, mostrando que há interesse pelo bem comum, eu acho que
todos podem lucrar.
É
em cima disso que nós, novamente, gostaríamos de parabenizar essas entidades
que fizeram com que a Escola Brigadeiro Eduardo Gomes pudesse, nessa nova
reinauguração dos quarenta anos, se tornar uma escola moderna, próspera,
mostrando que é possível, sim, esse tipo de parceria. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): A Verª Manuela d’Ávila está com a palavra em Tempo
Especial.
A SRA. MANUELA D’ÁVILA: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, todos que nos assistem pela TVCâmara, foi com
muito orgulho e bastante estranheza representei esta Câmara no 49º Congresso da
União Nacional dos Estudantes - o maior Congresso da história da nossa entidade
setentona, que completará setenta anos muito em breve, mas que, a cada dia, é
uma entidade com mais força, com mais convicção. Trata-se de uma entidade que,
quase completando setenta anos, se renova e é capaz de pautar os principais
debates da juventude brasileira mais profundamente a cada ano, a cada
Congresso.
Nós
reunimos quinze mil estudantes dos vinte e seis Estados da Federação e do
Distrito Federal. O eixo central dos debates certamente foi a conjuntura
internacional, e a UNE reafirmou sua posição contrária à guerra imperialista de
Bush, a favor da paz e na defesa incansável da construção dessa paz no nosso
planeta e no nosso País, fundamentalmente na América Latina. Também debatemos,
Ver. João Antonio Dib, a questão da conjuntura nacional, quando reafirmamos a
posição da União Nacional dos Estudantes de se manter autônoma e independente
frente a quaisquer Governos, mas, fundamentalmente, reafirmamos a posição da
União Nacional dos Estudantes em defender que todas as corrupções sejam
apuradas, que todos os corruptores e os corruptos sejam punidos. Também ali
reafirmamos que nós, estudantes brasileiros - aos quais eu ainda me agrego com
muito orgulho -, não caímos no papo fácil, no discurso rasteiro e temos a
convicção de que este é o momento para o nosso País mudar de rumo, este é o
momento para, a partir dessa crise, o nosso País, efetivamente, pautar as
transformações sociais pelas quais o povo brasileiro, a juventude brasileira
tanto lutou e tanto luta.
Aprovamos
como slogan desta campanha da União Nacional
dos Estudantes contra a desestabilização do Governo, a favor das
transformações, que queremos mudanças de rumo, sim, mas saída à direita a
juventude brasileira não quer, e essa foi, com certeza, uma das mais
importantes definições do 49º Congresso da UNE. Ali debatemos também - eu tive
a satisfação de representar a Câmara de Vereadores de Porto Alegre e o nosso
mandato da juventude - as políticas públicas de juventude do nosso País, em
conjunto com o Secretário Nacional de Juventude do Governo Lula, Beto Cury, em
conjunto com o Deputado André Figueiredo, do PDT do Ceará, que articulou e
apresentou um relatório e um Projeto de Lei com relação à criação da Secretaria
e do Conselho Nacional de Juventude.
Acho
que desse debate sai um fruto que Porto Alegre deve tratar de semear para,
posteriormente, a juventude colhê-lo, porque ali, Ver. Todeschini, reafirmamos
posições. O Secretário Beto Cury fez uma extensa fala com relação às ações que
a Secretaria já implementa. Mas qual o centro da fala do Secretário? Justamente
a convicção de que essas ações só poderão ser entendidas pela juventude e
surtirem o efeito que a juventude brasileira necessita a partir da criação do
Conselho Nacional de Juventude, que será lançado oficialmente no dia 12 de
agosto deste ano. No Conselho, nós teremos a participação de setenta entidades,
vinte entidades do Governo, quarenta do Movimento Juvenil e dez organizações da
sociedade civil organizada com atuação na área da juventude.
Isso
nos leva, necessariamente, à reflexão sobre a criação ou o sonho da juventude
de Porto Alegre de ver concretizado o Conselho Municipal de Juventude. Ali
reafirmamos que é impossível as políticas públicas de juventude serem
construídas e terem sucesso sem a participação efetiva dos jovens deste País, e
é automática a transferência desse debate para o Município de Porto Alegre. Nós
não teremos êxito nas políticas públicas de juventude se a juventude de Porto
Alegre não for consultada, se ela não participar ativamente da construção
dessas políticas a partir de um Conselho amplo, um Conselho que inclua todos
aqueles que querem e que têm um compromisso com a juventude desta Cidade, sejam
jovens ou aqueles que têm a capacidade de entender que nós precisamos tratar da
solução deste País imediatamente a partir da juventude.
Reafirmamos
também, no 49º Congresso da UNE, a centralidade do debate com relação à reforma
universitária e à construção de uma reforma universitária avançada, capaz de
aglutinar os 91% de jovens que estão fora das universidades brasileiras hoje.
Tínhamos ali cerca de cinco mil delegados de todos os Partidos, Ver. Dib,
porque a UNE consegue manter a magia de representar todos os estudantes
brasileiros. Nós tínhamos ali o PSDB, o PFL, o PCdoB - meu Partido, que segue
sendo a maior força política da União Nacional dos Estudantes -, nós tínhamos
todas as correntes do PT, o PSB, os pequenos Partidos que se encontram apenas
em um lugar deste País. Tivemos a capacidade de reafirmar a unidade do
Movimento Estudantil para pressionar o Governo Federal a efetivar as
transformações sociais do nosso País, a partir da construção de uma reforma
universitária avançada, que pense no acesso desses jovens, que consiga fazer
com que esses jovens permaneçam nas salas de aula, concluam os seus cursos e
contribuam, efetivamente, para a construção de um Brasil soberano, de um Brasil
independente, de um Brasil que todos nós queremos construir.
Sr.
Presidente, peço a V. Exª que me conceda Tempo de Liderança.
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): A Ver. Manuela d’Ávila está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. MANUELA D’ÁVILA: Muito obrigada, Sr. Presidente.
E
é óbvio que, se faço este relato descompromissado do ponto de vista político,
ideológico, porque ali representei a Câmara Municipal de Vereadores, não posso
me furtar de fazer a análise que considero a mais acertada com relação a esse
Congresso da UNE. Nós tivemos, Ver. Todeschini, uma passeata com vinte mil
estudantes deste País, em conjunto com a Central Única dos Trabalhadores, em
conjunto com o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, com a CONAN, com todas as
entidades que compõem a coordenação dos movimentos sociais.
E
ali, Verª Clênia, tivemos uma demonstração para aqueles que perguntam onde
estão os jovens caras-pintadas, onde estão os jovens que querem mudar este
País, como conseguiram mudar, derrubando Fernando Collor, não só por ele ser um
corrupto, mas por ser um corrupto neoliberal que, além de roubar os cofres
públicos, roubava a esperança dos jovens deste País, porque a juventude brasileira,
naquele momento, trabalhava para derrubar a corrupção, para construir
alternativas. Essa juventude reafirmou o seu compromisso, Verª Clênia, com a
convicção de que devemos apurar e, veementemente, punir todos os corruptos que
ainda permanecem vivos na máquina pública brasileira.
Mas
essa juventude também afirmou a sua convicção de que não basta vivermos num
País sem corrupção e sem educação. Nós, jovens deste País - e ali não era a voz
da Verª Manuela, eram vinte mil jovens que reafirmavam um País sem corrupção,
sim -, sabemos que somos, talvez, os principais agentes da luta contra essa
corrupção, queremos um País sem corrupção e com direitos para a juventude!
Queremos um País sem corrupção, não queremos aquele País corrupto, sem
universidade, sem trabalho, sem renda para a juventude brasileira! Queremos um
País sem corrupção, queremos fazer do limão dessa crise uma caipirinha para a
juventude brasileira, não queremos fazer somente uma limonada; nós queremos
incrementar, porque desejamos transformações reais deste País. Não queremos
lutar, simplesmente, contra a corrupção; queremos lutar contra a corrupção e
pela transformação deste País!
A
juventude brasileira, no 49º Congresso da União Nacional dos Estudantes,
posicionou-se neste sentido: lutaremos contra a corrupção, lutaremos contra os
corruptos, mas não aceitaremos que o momento de crise sirva para enquadrar o
Governo do Presidente Lula; não aceitaremos que o momento de crise sirva para
levar este Governo para a direita; não aceitaremos que o momento de crise sirva
para não conseguirmos efetivar as transformações pelas quais lutamos, pelas
quais vamos permanecer lutando até vivenciá-las. Na minha opinião, essa foi a
principal mensagem dos estudantes brasileiros à sociedade brasileira.
Se
diziam que nós e o movimento estudantil não existíamos mais, se diziam que a
juventude brasileira não se organizava, se questionavam o papel transformador
da juventude brasileira, danem-se! A juventude brasileira saiu às ruas,
posicionou-se e vai ocupar todas as cidades deste País, exigindo o fim da
corrupção e exigindo as transformações que sonha, para poder viver num País
justo, para poder viver num País verdadeiramente livre!
Eu
poderia ficar afirmando aqui a condição do Partido que conseguiu ter a maior
parte da Diretoria da União Nacional dos Estudantes, que conseguiu aglutinar o
maior número de estudantes de todos os Estados do País - porque conseguimos
isso em torno da nossa política, para os próximos dois anos, de gestão da União
Nacional dos Estudantes -, mas não vejo graça nisso, Ver. Dib, porque, aí,
cai-se no discurso fácil e patriótico de dizer: “Nós vencemos o Congresso da
UNE, nós conseguimos, democraticamente, aglutinar o maior número de estudantes
em torno das nossas propostas.” Mas nós não queremos dizer isso; nós queremos
dizer que, com muito orgulho, eu vi o PSDB abrir uma faixa dizendo “Fernando
Henrique para Presidente” e ser corrido pela juventude do PMDB, Ver.
Bernardino! Veja a mágica! A própria juventude do PMDB, que não estava na nossa
chapa vencedora do Congresso da UNE, Verª Clênia, foi lá e fez uma manifestação
cívica dizendo: “Vocês não! Vocês, que venderam os nossos sonhos e a nossas
ilusões, não são bem-vindos! Vocês não voltarão para a cena política
brasileira!” Nós vamos construir, dessa crise, a saída para as transformações.
Portanto,
talvez por nesse Congresso eu ter concluído a minha gestão à frente da UNE, por
nesse Congresso eu ter saído da magia, que é o movimento estudantil do ponto de
vista formal, de não ser mais uma dirigente desse movimento, esse Congresso
tenha ganhado certos ares mágicos para mim. Mas eu tenho a convicção de que não
é apenas isso, Ver. Oliboni, essa gestão da UNE será a gestão mais vitoriosa
dos 68 anos de existência da União Nacional dos Estudantes, porque, dessa vez,
nós vamos conseguir a vitória e efetivar as necessárias transformações para o
nosso povo, para o nosso País ser um país, simplesmente, Ver. Dib, feliz. Muito
obrigada. (Palmas.)
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Professor Garcia está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, é um tema bastante discutido aqui no Rio Grande
do Sul, e agora a Secretaria da Fazenda começa a colocar à disposição da
população do nosso Estado o nome daquelas empresas, das principais empresas,
que estão com débito junto à Secretaria da Fazenda. Algumas empresas até já se
justificaram, dizendo que estão com ações, com demandas judiciais, mas a grande
realidade é que muitas dessas empresas que devem ao Estado hoje são também
aquelas empresas que se beneficiaram com o Fundopem.
Este
Vereador, no dia 1º de abril, falou nesta tribuna a respeito do tarifaço que o
Governador Germano Rigotto estava estabelecendo, tributando a energia elétrica,
os telefones e os combustíveis e onerando toda a população do Estado. Esses
três aumentos fizeram com que Porto Alegre, mais uma vez, tivesse o maior
índice de custo de vida, mostrando os absurdos desproporcionais relativos à
questão do preço dos combustíveis no nosso Estado, fazendo com que toda a
população pagasse mais luz, mais telefone. E o Governador utilizou como
argumento a necessidade imperiosa de obter mais recurso.
Só
que recursos podem e devem retornar ao Estado, em face dessas empresas que
devem, e, conforme alguns dados que estão sendo apresentados, são mais de doze
bilhões de reais. Ora, esse é quase o Orçamento de um ano do nosso Estado, algo
inconcebível. Que o Secretário da Fazenda sente com o representante de cada uma
dessas empresas e veja de que forma podem ser renegociadas as dívidas. Agora,
no nosso entendimento, de forma clara, isso não é possível continuar. O
assalariado não tem opção, ele é descontado de forma sumária no seu salário, e
muitas empresas não fazem o repasse, não pagam as contribuições que têm de
pagar.
Eu
volto a dizer: são valores muito altos, significam quase que um Orçamento
inteiro do Estado, que hoje é de aproximadamente quinze bilhões, dezesseis
bilhões de reais; as principais empresas devem mais de doze bilhões de reais,
nós teremos que saber o montante total dessas empresas. Todas as empresas,
pessoas jurídicas, e nós, pessoas físicas, passamos por dificuldades
financeiras - uns mais, outros menos -, mas o que nós não achamos justo é que
aquelas nunca paguem. Entendemos que elas têm, sim, de pagar, mas, se for o
caso - e eu entendo que o é -, que se sente com o representante de cada uma
delas para renegociar as dívidas, vendo de que forma poderia ser esse
parcelamento.
Este
Vereador não concorda com a forma como foi feita, uma forma arbitrária que o
Governador encontrou, ou seja, fazendo com que mais de dez milhões de pessoas
do nosso Estado, a partir do dia 1º de abril, pagassem uma luz mais cara, um
telefone mais caro, um combustível e, conseqüentemente, um transporte mais
caros. Justiça social não se faz dessa forma, querendo tributar a todos e
deixando alguns de fora, e esses alguns são os que têm o maior poderio
econômico. Eu não estou fazendo nenhuma crítica à questão das empresas, eu
poderia colocar de uma maneira generalizada, mas entendo que todos aqueles que
são devedores devem ser chamados, de forma séria, clara e precisa, para que
possam atualizar débitos pendentes junto ao Estado. Muito obrigado, Sr.
Presidente.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Carlos Comassetto está com a
palavra em Comunicações.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente, prezados colegas
Vereadores, prezadas colegas Vereadoras, neste momento de profunda reflexão no meio
político, na Nação brasileira, não podemos nos furtar de fazer uma afirmação
sobre a política e sobre os políticos. Recai também sobre nós, políticos
eleitos para representar a sociedade e seus segmentos, os olhares da sociedade.
Nós não podemos aceitar uma inversão de valores, como a postura que têm tido
alguns pseudopolíticos, ou seja, falsos políticos. Verª Manuela, eu a ouvi
atentamente e quero dizer que Lupicínio não merecia que a sua obra de arte, que
a sua criação fosse utilizada em cadeia nacional pelo corrupto-mor deste País.
Nós estamos invertendo os valores: uma pessoa, um político declaradamente
corrupto usa os espaços e é visto, é tido como um herói nacional. Essa inversão
de valores nós não podemos aceitar, sob hipótese alguma, e falo desta tribuna
em meu nome e em nome do meu Partido, o Partido dos Trabalhadores.
Nós
temos de apurar toda e qualquer corrupção que haja em qualquer escala,
municipal, estadual ou federal, sobre o meu Partido e sobre todos os outros
Partidos. Mas esta inversão de valores nós não podemos aceitar: um senhor como
o Deputado Jefferson, que se declara nacionalmente como um corrupto-mor, diz:
“Eu menti para a Justiça Federal ou para a Justiça Eleitoral,” e é tido como o
grande herói nacional. Creio que, nesse nosso momento de reflexão - quando falo
nosso, aqui da Câmara Municipal, incluo, sim, todos os Partidos de oposição ou
situação -, nós não podemos aceitar essa lógica de inversão de valores, porque
política é coisa séria e deve ser tratada com esse grau de seriedade.
O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Comassetto, eu o felicito pelo seu pronunciamento. Acho
que no mundo só existem dois caminhos: o certo e o errado. Se não está no
caminho certo, tem de ser
punido, tem de ser acertado. Porque, senão, nós vamos acreditar no que Rui
Barbosa já dizia: de tanto se ver agigantar o poder nas mãos dos maus, o homem
chega a rir-se da honra e tem vergonha de ser honesto. Nós estamos vivendo mais
ou menos isso nesse momento. Os destaques são para aqueles que agem
incorretamente, é o que está acontecendo pelo Brasil afora. Não interessa qual
o Partido, qual a situação, se está errado, deve ser punido.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Agradeço-lhe, Ver. João Dib, afirmando
aqui que essa é a nossa postura, a nossa posição, não só como Ver. Comassetto,
mas como da nossa Bancada. E, nesta Casa, em Porto Alegre, nós precisamos estar
muito atentos para que não venhamos a deixar que avance essa lógica de que os
corruptos são os heróis, de que aqueles que trabalham sério, que têm postura -
e aí não são somente do meu Partido, são de todos os Partidos - caiam na vala
comum como os desqualificados da Nação brasileira.
Dito
isso, venho para um tema nosso, da cidade de Porto Alegre, para um tema local.
Na semana passada, realizamos pela CUTHAB - Comissão de Transporte, Urbanismo e
Habitação -, um seminário sobre a revitalização do Centro. E lá discutimos
durante todo o dia; lá, porque foi no auditório da Caixa Econômica Federal, com
mais de trinta lideranças da cidade de Porto Alegre, principalmente do Centro,
com um conjunto de Secretários Municipais. Lá estiveram o Secretário dos
Transportes, o Secretário de Obras e Viação, o Secretário de Segurança Pública,
o Secretário da Cultura e o Secretário do Meio Ambiente discutindo esse tema, e
nós precisamos encarar a questão do Centro olhando a Cidade no seu todo. O
Centro não é uma ilha isolada. O que acontece em qualquer bairro ou em qualquer
região da nossa Cidade reflete no Centro. E mais: o que acontece na Região
Metropolitana se reflete em Porto Alegre e no Centro de Porto Alegre.
Nesta
Casa há alguns temas que são polêmicos, e lá exteriorizei a minha posição
acerca do trânsito de Porto Alegre, continuo com essa posição e quero
oferecê-la aqui para o debate. Eu disse que, para revitalizarmos o Centro de
Porto Alegre, nós temos que ver a Cidade no seu um todo, e aí há um tripé, ou
três elementos, ou três pilares básicos que temos que trabalhar com
profundidade: a revitalização do Centro passa, Ver. Bernardino,
obrigatoriamente, pela questão da habitação, da moradia; passa obrigatoriamente
pela questão do comércio, com toda a sua magnitude e amplitude; passa pela
questão da cultura e do lazer. Bom, junto a isso nós temos a questão, como
conseqüência, da acessibilidade, a questão da segurança pública, a questão da
restauração, enfim; mas, como atividades vivas do Centro, temos a habitação, o
lazer, a cultura e o comércio.
O Sr. Bernardino Vendruscolo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Obrigado, Ver. Comassetto, pela oportunidade. Eu conheço bem o
Centro, tenho escritório no Centro e estava pensando, enquanto ouvia o seu
pronunciamento, que eu já ouvia falar na expressão revitalização do Centro
quando eu ainda não tinha cabelo branco. Caro Vereador, meus parabéns pelo seu
pronunciamento, pelo seu ponto de vista. Também gostaria de sugerir que nós,
aqui desta Casa, nós, os Vereadores e o Executivo, passemos às coisas
concretas, porque as ações concretas é que estão faltando, muito já se falou
sobre possibilidades, projetos; nós temos que partir para ações concretas. E
veja, Vereador, que as ações concretas, muitas vezes, poderão ser revistas.
Agora, enquanto nos mantivermos na retranca ou na expectativa de que alguma
coisa poderá não dar certo, nós nunca vamos chegar a lugar nenhum, e as coisas
que forem decididas e que, porventura, não atingirem o seu objetivo o Executivo
tem que ter em mente a possibilidade de rever. Obrigado, Vereador.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Agradeço, Ver. Bernardino Vendruscolo.
Aproveitando
o tema da revitalização do Centro, quero aqui para fazer uma homenagem, porque
ontem tomou posse a nova Diretoria da Sociedade de Engenharia, com o Engenheiro
Milton Kipes assumindo a sua
presidência. Falo isso porque a Sociedade de Engenharia, situada ali na Rua 24
Horas, atuou ativamente e foi a responsável pela condução daquele Projeto da
Rua 24 Horas.
E,
falando no Centro, há uma questão concreta, quero falar aqui sobre
acessibilidade. Todos nós sabemos do problema que são os ônibus na Av. Borges
de Medeiros e na Av. Salgado Filho, temos uma contradição para trabalhar,
discutir e encontrar solução. Nós esperamos que o Secretário de Transportes, o
Engenheiro Senna, apresente o projeto de acessibilidade ao Centro, porque já
fizemos uma reunião na CUTHAB, e ele ficou de nos enviar a proposta. No seu
pronunciamento, ele fala em dar mais acessibilidade ao trânsito no Centro. Bom,
nós temos uma posição muito clara: no Centro tem-se que dar prioridade ao
transporte público coletivo em detrimento do transporte individual ou do
automóvel. No caso da Av. Borges de Medeiros e da Av. Salgado Filho, toda a
população do Centro-Sul de Porto Alegre ali embarca e desembarca, tendo, sim,
uma facilidade geográfica de chegar até o Centro. Portanto, qualquer projeto de
reestruturação do transporte coletivo no Centro não pode dificultar a
acessibilidade dessas comunidades que vêm fazer as suas atividades, o seu
trabalho. Do Centro-Norte de Porto Alegre, todos chegam ao Centro nos seus
terminais, seja na Praça XV, seja na Praça Parobé e nos demais.
Nós
precisamos encontrar isso, estamos no aguardo do projeto da Secretaria de
Transportes; já passou meio ano, está na hora de recebermos essa proposta para
discutirmos e aprofundarmos. E trago aqui, sim, uma posição da sociedade e da
comunidade da Zona Sul de Porto Alegre: não podemos aceitar, em prejuízo de uma
reestruturação do Centro, as possíveis dificuldades do acesso dessas
comunidades ao Centro da cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Eu pergunto aos nobres Vereadores
inscritos, Ver. Bernardino e Ver. Adeli Sell, se é possível reduzir seus tempos
para cinco minutos, em função do adiantado da hora. Evidentemente, reconhecemos
o direito que lhes permite usar os dez minutos.
O
Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra em Comunicações.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, seu pedido será aceito.
Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, público que nos assiste, o Projeto de autoria deste
Vereador tem sido amplamente debatido. E pouquíssimos Vereadores têm vindo a
esta tribuna se colocar contrariamente; os que aqui não abrem o seu apoio
invocam vício de origem; em outras palavras - para aqueles que não têm esse
conhecimento -, esse Projeto teria de vir do Executivo e não do Legislativo.
Ora,
vou-me dar ao trabalho aqui de, primeiro, dizer que nós precisaríamos dar mais
uma olhada no art. 156 da Constituição Federal e no art. 56 da Lei Orgânica do
Município. Permitam-me aqui discorrer um pouquinho a respeito da Lei Orgânica
do Município. O Capítulo I trata dos princípios gerais da organização
municipal; o Capítulo II, dos bens públicos municipais; o Capítulo III, da
Administração Pública; o Capítulo IV, dos serviços municipais; o Capítulo V, da
organização, competência e atribuições do Poder Legislativo; e, dentro deste
último Capítulo citado, nós temos a Seção II, das atribuições da Câmara
Municipal. Lá, no art. 56, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras e ouvintes, diz o
seguinte (Lê.): “Os assuntos de competência do Município sobre os quais cabe à
Câmara Municipal dispor, com a sanção do Prefeito, são especialmente: I -
sistema tributário: arrecadação, distribuição das rendas, instituição de
tributo, fixação de alíquotas....”, e por aí vai.
Muito
bem, depois dessa leitura, aqueles que tiveram oportunidade de ouvir, que
tomaram conhecimento do art. 56 da Lei Orgânica do nosso Município e do art.
156 da Constituição Federal, certamente, terão um pouquinho mais de preocupação
em dizer que é inconstitucional o Vereador legislar sobre assunto tributário.
Ora, Vereadores, caros colegas, é claro que nós temos de respeitar, mas há
alguns pensamentos, algumas maneiras de ver esse comportamento; é uma idéia
muito antiga, cabe, sim, caros Vereadores, darmos uma olhadinha nos novos
tempos; as mudanças ocorrem.
Hoje
nós temos jurisprudências criadas em razão do art. 61 da Constituição, lá é que
gerou a controvérsia, porque lá diz respeito aos Territórios; agora, Porto
Alegre não é Território, Porto Alegre é a Capital do Rio Grande, caros
Vereadores, não é Território. Então, é por isso que eu faço um apelo para que
olhem encarecidamente o art. 156 da Constituição Federal e o art. 56 da Lei
Orgânica do Município. É difícil explicar à comunidade, àqueles que nos
assistem, se temos tanto apoio, se tantos Vereadores sobem a esta tribuna para
apoiar este Projeto, qual a dificuldade. A dificuldade que enfrentamos é que
fomos pegos de surpresa por algumas Lideranças dizendo da inconstitucionalidade
deste Projeto.
O Sr. Carlos Todeschini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Obrigado pelo aparte. Eu, como membro da Comissão de Constituição e
Justiça, fui o voto que deu as condições de o Projeto prosseguir. E também é
importante que comece a mudar essa doutrina também na CCJ, reconhecendo o
direito de o Vereador ter iniciativa sobre Projetos em matéria tributária. Isso
não é nenhuma novidade, ocorre que, muitas vezes, por interesse político ou por
interesse de quem está mandando, se tolhe a possibilidade de o Vereador poder
alargar o seu espaço de atuação, que é o verdadeiro espaço do Vereador, e não
fazer despachos sobre pequenas obras e serviços, como muitos querem. Vossa
Excelência está certíssimo no seu papel. Obrigado.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Quero deixar o registro que ouvi,
pessoalmente, do nosso Presidente da Comissão de Justiça, o Ver. Ibsen
Pinheiro, que também é amplamente favorável, que a legislação é clara nesse
sentido.
Agora,
por outro lado, quero registrar que o Ver. Todeschini tem sido um esteio em
defesa dos nossos Projetos lá na Comissão de Constituição e Justiça, não só
deste Vereador, como de outros. Cumprimento V. Exª por isso, ainda que sozinho
lá na Comissão, mas nós estamos aqui. Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Adeli Sell está com a palavra em
Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Aldacir Oliboni.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, nesta semana a imprensa divulgou um caso de corrupção na Secretaria
Municipal da Produção, Indústria e Comércio. Por quinze meses tive a honra de
ser o Secretário Municipal dessa Pasta e quero dizer que, ao chegar na
Secretaria, e mesmo antes, havia um conjunto de rumores sobre problemas
administrativos, de corrupção, de cobrança de propinas. Antes de dar dados,
digo que, apesar do fato comprovado, temos de ter o cuidado de separar o joio
do trigo. É uma Secretaria pequena, com valorosos servidores que, durante a
minha gestão, demonstraram a sua capacidade de ação, tendo realizado atividades
extremamente importantes. Abri uma sindicância sobre a venda de alvarás, e quem
descobriu a venda de alvarás fui eu, quando era Secretário. Foi através do meu
trabalho e da minha assessoria que constatamos essa irregularidade, chamamos a
Procuradoria, e a servidora foi demitida, está fora do serviço público.
Gostaria que outros me apontassem um caso nos últimos dez anos, neste Estado,
em que alguém tivesse sido demitido a bem do serviço público, através desse
tipo de ação que eu desempenhei na Secretaria. Seria importante, para que
pudéssemos compor um quadro de como se trabalha pelo bem, pelo serviço público
na nossa Cidade, quando estamos no Governo.
Também,
naquele momento, denunciei ao Presidente desta Casa e falei com alguns
servidores nossos da área de segurança parlamentar: “O que faz” - e o que
fazia, dias atrás - “o Zezé nesta Câmara?” Inclusive, ele já foi assessor aqui,
nós o tiramos à força de dentro da Secretaria, porque ele foi um dos que
levantaram a questão de que era quem transacionava habite-se, transacionava
alvarás da Secretaria. Eu chamei o segurança e pessoalmente tomei a iniciativa
de tirá-lo à força da Secretaria: “Dentro da Secretaria, enquanto eu for
Secretario, marginal, corrupto confesso não fica aqui dentro!” Pois esse
sujeito vive aqui, na Câmara de Vereadores, novamente. O que faz esse sujeito
aqui dentro?
Nós
poderíamos ter ido mais longe nessa investigação. Quando eu fui Secretário,
havia uma investigação sendo feita pela Polícia, inclusive com escuta
telefônica. Pois fui surpreendido, no mês de março de 2003, com uma negativa de
um Juiz de continuarmos a quebra do sigilo dos telefones, ou seja, da escuta
telefônica; e estávamos a um milímetro de quem fazia a bandidagem. Eu ouvi as
fitas; fazia-se um triângulo entre a SMIC, a SMOV e a SMAM. Se tivesse sido
consultado pela imprensa sobre esse caso - quando fui Secretário, e todo o
mundo sabe que na minha gestão uma pessoa foi demitida -, eu teria dito isso
para o povo de Porto Alegre.
Se
nós não pegamos essa falcatrua antes, não é por culpa do gestor público, não é
por culpa do gestor público! A primeira coisa que o atual Secretário me
perguntou - é preciso fazer justiça -, em dezembro, quando conversei com ele,
foi sobre essas questões da corrupção na Secretaria. Portanto também é um homem
preocupado. Não é do meu Partido. Eu sou oposição hoje, e ele é situação, mas
há que se fazer justiça: ele estava e deve continuar muito preocupado, ainda
mais agora.
Então,
nós temos de separar o joio do trigo. Há muita gente importante; fiscais
honestíssimos fizeram o seu trabalho, enfrentaram o banditismo na Cidade,
apanharam na rua, eles foram ameaçados dentro de bares e casas noturnas por
fazer o seu trabalho honesto. É preciso sempre resguardar o servidor, o serviço
público, o trabalho honesto das pessoas. E, com essa falcatrua que foi
descoberta - as câmeras de televisão não mentem -, esses sujeitos devem ser
colocados no lugar onde devem estar. Um deles tem uma ficha antiga, pelo que eu
pude verificar aqui, histórica inclusive, não só dele mas da sua família. E, se
for preciso mostrar os fatos, nós vamos trazer os fatos, como eu trouxe os
fatos aqui, os processos estão dentro da Secretaria.
E
há ainda mais: o caso da CEEE, o processo caminhou adiante na minha gestão.
Pena que a imprensa não me perguntou sobre esse fato. Eu fui Secretário, tenho
obrigação, meu caro Ver. Aldacir Oliboni, de vir aqui dar este testemunho e,
por um lado, defender os servidores. Infelizmente, a atual estrutura do Estado
brasileiro faz com que não tenhamos uma burocracia estável; deveríamos ter, por
exemplo, menos CCs nas Secretarias e mais pessoas capacitadas, entrando no
serviço público para fazer determinadas funções, com a qualificação que os
cargos e as funções exigem.
Por
isso quero deixar aqui registrado que a investigação deve ir adiante, porque
existe um “triângulo das bermudas”, não é só o caso da SMIC, há um triângulo
entre a SMIC, a SMOV e a SMAM. Se esse Juiz não tivesse nos proibido de
continuar com a escuta telefônica, hoje, nós teríamos os corruptos, os
servidores desonestos na cadeia. Então, quem atrasou o processo não fomos nós;
foi, no caso, mais uma vez, a Justiça, um setor da Justiça.
Inclusive
eu estou sendo chamado como testemunha de um processo, agora, no mês de agosto,
testemunha da Prefeitura. Já falei com a nossa Procuradora, a digna
Procuradora-Geral deste Município, e não há Juiz, não há desembargador que vá
amedrontar a nossa fala aqui; nem da Prefeitura. Porque eu, mesmo na oposição,
vou defender com unhas e dentes o que está sendo feito de correto nesta
Administração. E tem que ir adiante esse processo. Como eu espero que agora vá
adiante a investigação - e vou colocar, vou mandar o meu discurso para todas as
autoridades - sobre o “triângulo das bermudas”, que tem de ser desvendado. Não
foi desvendado - repito, minha Líder do Governo, Ver. ª Clênia Maranhão - em
função da proibição de um Juiz que não deixou ir adiante a investigação através
da escuta telefônica. Eu ouvi as fitas. Eu ouvi as fitas, e tínhamos tudo,
absolutamente tudo, em quatro ou cinco dias de escuta. Eles estavam agindo
abertamente e diziam um monte de coisas que todo o mundo precisa saber: estavam
muito preocupados com a minha entrada na Secretaria; que tinham ouvido falar e
assim por diante. Pois eles não só ficaram preocupados, como eu ajudei a
colocar na rua uma funcionária corrupta.
Mas
eu venho aqui defender, sim, a Secretaria da Produção, Indústria e Comércio,
que, infelizmente, nunca foi valorizada por nenhum Governo, inclusive pelo meu.
Quando lá cheguei, eu vi o que tinha de importância e o que tem de importância
essa Secretaria. Eu disse isso ao Secretário Idenir Cecchin, que pode ser
chamado aqui nesta Casa e comprovar que, em nenhum momento desses seis meses,
eu, Adeli Sell, ex-Secretário e oposição nesta Casa, deixei de colaborar com
essa Secretaria; porque o conhecimento que eu tenho não é um conhecimento
pessoal, não é um conhecimento da minha Bancada, Vereadores Todeschini e
Comassetto. Eu digo: eu vou colaborar para o bem desta Cidade, contra as
ilegalidades, contra a corrupção. Verª Clênia Maranhão, conte com este
ex-Secretário, com o atual Ver. Adeli Sell. Custe o que custar, nós vamos
desvendar o “triângulo das bermudas”. Tenho dito.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Carlos Todeschini está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, público presentes, assistência do Canal
16, Vereadores, eu venho aqui, também, para fazer uma manifestação sobre essa
encenação teatral lamentável que algumas personalidades têm feito, em
particular esse Deputado que está sendo muito citado, e não vou repetir o seu
nome porque acho que é valorizar demais essa pessoa. Mas é feita uma encenação,
e é dado um espaço pelos meios de comunicação para um assunto que não é o
principal no País. Há elementos que vinculam algumas pessoas a algumas
irregularidades ou a algumas práticas de irregularidades, caso isso seja
comprovado, essas pessoas devem ser punidas adequadamente.
O
lamentável é que assuntos reais do País não são discutidos, porque a mídia bate
24 horas por dia nesses assuntos, como se isso fosse novidade. Ou essas
questões nasceram agora? Quem não sabe que todos esses elementos que estão
sendo apresentados já existem há muito e muito tempo, que isso faz parte do
financiamento de campanhas, que isso faz parte dos lóbis? Quem nunca ouviu
falar do lóbi em Brasília, dos lobistas profissionais que dedicam a vida a
isso, ao tráfico de influência, a tudo que a gente já ouviu falar, Ver. Adeli
Sell, na história deste País? E isso estimula, autoriza e encoraja algumas
pessoas que têm forte influência a continuar praticando. Aí eles têm o
desplante e a cara de ir para a televisão e dizer: “Sim, eu menti para a
Justiça Eleitoral; eu disse que gastei 150 mil reais”; como disse Roberto
Jefferson, está no jornal Zero Hora: “Eu menti”, porque um Deputado não se
elege com menos de um milhão, dois milhões de reais. E fica tudo por isso
mesmo. Isso é lamentável, porque agora alguém que tem o caráter como o do
Roberto Jefferson passa a ser valorizado; ele é transformado quase em herói.
Então
este é o País, e essas são as instituições que nós temos e que não podem
continuar assim, porque senão é o povo que paga a conta com o sofrimento. Não
com isso, porque isso é pouco perto do desgoverno e perto do poder que os
grupos econômicos exercem de influência, privilegiando uma minoria,
privilegiando 1% da classe que tem o poder econômico do Brasil. Esse é o
problema que enfrentamos. Portanto, até aí nenhuma novidade.
A
novidade será quando começamos a mudar isso, e é papel do Parlamento, o papel
principal está no Parlamento, nos três níveis da Federação - no Município,
Estado-membro e União -, num regramento muito claro e muito severo das ações,
das atribuições dos Poderes, das penalidades a que todo o servidor público deve
responder e deve estar enquadrado, sendo ele Cargo de Confiança ou servidor do
quadro de carreira. Eu não faço essa distinção de forma tão grande, porque nem
um, nem outro é santo; nem um, nem outro deixa de ter grandes méritos. Eu já vi
CCs com problemas, vi muita gente do quadro com problemas muito sérios, não é
essa a regra.
A
regra são as escolhas e os critérios que se fazem na hora das composições,
inclusive tenho uma opinião: estava vendo a escolha dos novos Ministros e creio
que há um procedimento errado pelo qual os Governos se pautam e se orientam
quando há coligações, Verª Clênia, que é o de atribuir um feudo para um
Partido, outro feudo para outro. Se há composição, essa deve ser
pluripartidária, de todos os órgãos, para que um Partido possa fiscalizar o
outro, para que o controle possa ser exercido por todos, para que a finalidade
pública venha em primeiro lugar. Porque, quando se delega a feudos, como
elementos de escolhas ou de benesses, ou delegação para grupos ou Partidos, é
isso o que acontece. Talvez a finalidade, o objetivo número um não seja
governar e fazer bem para a sociedade, mas, sim, atender a interesses
particulares, e contra isso temos que lutar, porque isso não ajuda a resolver
esses problemas que estamos vendo agora às claras no País. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): A Verª Clênia Maranhão está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, acho que é inevitável não nos reportarmos à
gravíssima crise ético-institucional da política brasileira. Falo aqui em nome
da Bancada do PPS lembrando, preliminarmente, que o meu Partido foi o único em
que cem por cento da Bancada assinou o pedido de instalação da CPI dos
Correios. E fizemos isso com a responsabilidade pública que devem ter todos os
Parlamentares de investigar qualquer indício de corrupção em qualquer Governo.
Ouvi
nesta manhã inúmeras coisas que me deixaram surpresas e queria falar aqui um
pouco sobre elas. Afirmo, e todos aqueles que acompanham a política brasileira
também, que o Sr. Roberto Jefferson não é herói, não pode ser considerado
herói. A sua história política não o credencia para isso, não é um
representante da moral, não é um representante dos bons costumes. O seu
desempenho na mídia não justifica os seus antecedentes, porém não acho - como
alguns - que o fato de o denunciante não ter uma boa ficha deva ser motivo para
que as denúncias feitas não sejam investigadas pelo Parlamento.
Infelizmente,
quem tem compromissos com o futuro deste País pode estar feliz neste momento.
Mas nós não podemos tergiversar e fechar os olhos para a gravíssima e
decepcionante situação política que estamos vivendo, que envolve o Governo
Federal, que envolve o Congresso brasileiro. São indícios intoleráveis de
malversação da verba pública, de conluios, de absoluta confusão entre o público
e o privado, de muita irresponsabilidade na construção de uma ampla rede de
irregularidades. Temos que ter muita responsabilidade política neste momento.
Mas
faz parte da responsabilidade política exigir o afastamento de todos os
suspeitos do Governo Federal, porque não eram funcionários do último escalão;
eram pessoas de extrema e absoluta responsabilidade no Governo Lula. O Chefe da
Casa Civil José Dirceu; o Valdomiro; o Sílvio Pereira, que não era do Governo,
mas se misturava nas ações do Governo, o Delúbio Soares... Isso é gravíssimo!
Eu
concordo com o Ver. Todeschini que isso não é uma coisa deste momento. A
corrupção, infelizmente, sempre esteve vinculada à história política deste País
desde as Capitanias Hereditárias. Mas isso não pode ser justificativa - e eu
sei que V. Exª não colocou nesse sentido, foi mais presente em outros discursos
anteriores o fato de ter existido, infelizmente, corrupção política neste País
- para não exigirmos a apuração de todos os responsáveis!
Eu
acho que é importante, também, fazermos aqui um diferencial na intervenção da
Verª Manuela: “Afastamos o Collor porque ele era corrupto e neoliberal!” Quer
dizer, se a pessoa for corrupta e não for neoliberal, ela não deve ser punida?!
Mas isso é uma coisa incompreensível! Os neoliberais devem ser avaliados pelo
povo pela sua política! Os corruptos não podem estar no Poder, não podem estar
no Governo, independente do Partido que ocupem!
Eu
acho que esse momento tem de impor a todos nós um tipo de procedimento que nos
leve ao aprimoramento das instituições democráticas brasileiras! Não é
acobertando que se protege a democracia! Pelo contrário, a solução dessa crise
política passa pelo aprofundamento da democracia, pela transparência, pela
instalação das CPIs sob as luzes da mídia!
Eu
acho que a oposição, em geral, tem tido um comportamento responsável! E eu acho
que ao Presidente Lula - Presidente que tem o maior respeito de todos pela sua
história - cabe a reconstrução do seu Governo, a reforma do seu Ministério, com
personalidades públicas formadas por homens e mulheres que estejam isentos, na
sua história, de procedimentos políticos desonestos! Aí, sim - e só assim -,
nós poderemos virar esse capítulo, avançar na luta contra a corrupção e
construir políticas públicas para o conjunto dessa Nação brasileira!
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Visivelmente, não há quórum. Estão
encerrados os trabalhos da presente Reunião.
(Encerra-se
a Reunião às 13h04min.)
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